Depois do “enorme aumento de impostos” admitido por Vítor Gaspar, PSD e CDS falam agora num “inesperado aumento de impostos” que atinge “o coração da classe média”. Foi assim que, de um lado, António Leitão Amaro e, do outro, Cecília Meireles, se referiram ao Orçamento do Estado para 2016 apresentado hoje pelo ministro das Finanças.

Trata-se, disse o deputado social-democrata aos jornalistas no Parlamento, de um “orçamento que dá por um lado e tira pelo outro”, que parece “uma manta de retalhos” com “escolhas que afinal não acabam com a austeridade nem viram a página”. “É um inesperado aumento de impostos a ser pago pela classe média com filhos e pelas empresas”, disse, referindo-se sobretudo aos impostos sobre a gasolina e o gasóleo.

Na perspectiva do PSD, as medidas que constam do documento apresentado por Centeno vão traduzir-se em “menos crescimento, menos emprego e menos riqueza”, sendo “pior para as exportações e para o investimento” e “colocando em causa a credibilidade externa de Portugal”. “Os portugueses precisavam de um Orçamento que inspirasse confiança para o investimento, mas não é isso que temos”, acrescentou Leitão Amaro que, no entanto, se recusou a adiantar qual o sentido de voto da bancada social-democrata e se o PSD vai ou não apresentar propostas de alteração ao documento. “Este é um momento de discussão, há-de chegar neste processo orçamental o momento da votação”, disse.

Também para o CDS o Orçamento do Estado para 2016 traduz um “aumento de impostos muito significativo” que atinge o “coração da classe média”, com o agravamento da carga fiscal sobre os combustíveis. Ao contrário do PSD, contudo, a deputada Cecília Meireles avança desde já o sentido de voto da bancada centrista: vota contra.

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“Estamos perante um aumento de impostos muito significativo e que se já era grave no esboço é agora muito grave. Temos aumento de impostos no gasóleo, na gasolina e outros, que ainda iremos analisar muito cuidadosamente, que vão ao coração da classe média e das pequenas e médias empresas”, defendeu a vice-presidente da bancada centrista Cecília Meireles.

Confrontada pelos jornalistas com a dimensão do aumento de impostos do anterior executivo PSD/CDS-PP, Cecília Meireles atribuiu essa “página de sacrifício” ao programa de ajustamento e argumentou que essa página deve ser ultrapassada “com gradualismo” para que não se repita.

“Porque o Governo abandonou um caminho de gradualismo, vai agora pôr a classe média e as pequenas e médias empresas a pagar a fatura dos acordos com o BE e com o PCP”, declarou, reiterando que “não há dúvidas” sobre um voto contrário dos centristas ao documento, como já havia dito o líder parlamentar, Nuno Magalhães.