A 1 de fevereiro, Joana, 21, e Mário, 22, (nomes fictícios) decidiram apanhar um veículo Uber à saída de um centro comercial, em Lisboa. Eram cerca de 22h30. Para evitar a zona de maior afluência de pessoas, deslocaram-se a uma rua paralela, onde o veículo que tinham pedido através da aplicação móvel estava parado em segunda fila. Quando se estavam a aproximar, perceberam que tinham sido seguidos por três homens. “Estavam os três a correr, aos gritos”, conta Joana ao Observador.
Joana tentou entrar no carro, mas foi agarrada por um dos homens, o “mais agressivo”. Aparentavam ter todos mais de 30 anos. “Ele tentou puxar-me para fora do carro. Estavam a agarrar-me e à condutora, uma senhora com cerca de 55 anos. Começaram aos gritos, a dizer que era um serviço ilegal, que era um serviço clandestino e que nós éramos cúmplices”, diz.
Os três homens, que diziam ser taxistas, tentaram abrir todas as portas do carro, inclusive a bagageira, e tentaram chegar aos sacos do casal. “Eles foram bastante ofensivos e estavam a tentar tirar as chaves do carro à condutora. Para o meu namorado, foram mesmo muito malcriados”, conta.
Quando a condutora e os passageiros conseguiram entrar no carro e fechar as portas, os atacantes prosseguiram com as ofensas, segundo o relato feito ao Observador. Foi aí que a condutora decidiu ligar para a polícia. Quando perceberam que as autoridades tinham sido chamadas a intervir, os agressores começaram a abanar o carro e um deles deu um pontapé na porta do lado do condutor, deixando-a marcada.
A polícia chegou dez minutos depois, mas os atacantes já tinham fugido. Joana, Mário e Maria (todos nomes fictícios) ainda foram com alguns agentes às praças de táxi mais próximas para tentar identificar os atacantes, mas sem sucesso. Seguiram para a esquadra de Carnide, onde fizeram queixa por crimes contra a integridade física.
Fonte do Comando Municipal da PSP de Lisboa confirmou a ocorrência ao Observador e explicou que tinha dado o seguimento que se aplica a casos destes. As queixas foram encaminhadas para Tribunal, a quem compete decidir quem fará a investigação. Este tipo de situação tem sido “esporádico”, apesar de ter “havido uma altura em que houve uma concentração de atitudes destas, mas mais no aeroporto”, disse a mesma fonte. Na cidade, tem sido esporádico”, afirmou.
Questionado pelo Observador, Florêncio de Almeida, presidente da ANTRAL – Associação Nacional de Transportes Rodoviários em Automóveis Ligeiros – diz que não teve conhecimento da situação e recusou-se a prestar mais comentários ao Observador.
A ANTRAL interpôs uma providência cautelar contra a Uber, em abril de 2015, para impedir a tecnológica de operar, que foi aceite pelo Tribunal da Comarca de Lisboa em abril de 2015. A Uber manteve os serviços ativos, porque alega que a providência foi dirigida à entidade jurídica errada (a notificação refere a Uber Technologies, nos EUA, quando a delegação portuguesa responde à sede da Uber na Holanda).
A Uber apresentou oposição, mas o tribunal manteve as medidas cautelares. Posteriormente, apresentou recurso e espera agora uma decisão do Tribunal da Relação.