O banco holandês ING cortou a previsão do crescimento económico em Portugal para 1,2% em 2016, considerando um “mau augúrio” para 2016 os dados divulgados esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). E diz que “é muito provável” que tenha de ser ativado o Plano B de medidas de austeridade adicionais.
Em nota enviada pelo ING aos investidores seus clientes, e a que o Observador teve acesso, o economista Anthony Baert atribui a quebra do investimento no último trimestre à incerteza após as eleições.
Tendo em conta que houve eleições a 4 de outubro, a estimativa [do INE] permite medir o impacto da incerteza pós-eleitoral e a subsequente formação de um governo minoritário por António Costa, apoiado por três pequenos partidos de esquerda.
Baert estima que “o crescimento económico deverá desacelerar em 2016, para 1,2%“. “Ainda que o governo tenha revisto em baixa a sua expectativa para 1,9%, sob pressão das instituições europeias, esse valor ainda me parece bastante otimista“, acrescenta o economista.
Medidas adicionais são “muito prováveis“
A confirmar-se a previsão do ING, menos otimista para o crescimento, o governo terá de apresentar mais medidas de austeridade – ativando o chamado Plano B pedido esta semana pelo Eurogrupo. “É muito provável” que isso venha a acontecer, diz o economista do banco holandês que segue de perto a economia portuguesa.
Em 2016, “a procura interna deverá continuar limitada pela confiança frágil, a continuação da austeridade e o desvanecer dos efeitos positivos da quebra do preço do petróleo”, antecipa o ING. Por outro lado, “as exportações devem ser travadas pelo contexto externo mais fraco”.
No final de contas, com as “muito prováveis” medidas de austeridade que terão de ser tomadas, o ING diz que António Costa ficará “encurralado entre Bruxelas e os parceiros da esquerda parlamentar, que aceitaram apoiar Costa sob a condição de que a austeridade seria diminuída”.
“Portugal ainda não está fora de perigo“, conclui o banco de investimento holandês.