A Bósnia-Herzegovina apresentou esta segunda-feira oficialmente o pedido de adesão à União Europeia, mas terá de acelerar as reformas prometidas para evitar que a entrada se prolongue por vários anos. “2016 será um ano difícil”, admitiu o presidente em exercício da presidência colegial da Bósnia, Dragan Covic, numa cerimónia em Bruxelas, na qual apresentou o pedido oficial de adesão do país.
Covic admitiu que será um processo longo, defendendo a necessidade de modernização da economia como forma de acelerar o processo de adesão. “Temos que melhorar a nossa economia. Teremos eleições locais e será uma oportunidade para demonstrar que podemos reformar o nosso país. Vemos que a nossa vizinha, Croácia, já é um membro da UE. Montenegro e Sérvia também estão no caminho da integração na UE. A Bósnia-Herzegovina também faz parte deste continente”, acentuou o responsável.
Definida em 2003 como “potencial candidato” à entrada na UE, aquele país da ex-Jugoslávia nunca conseguiu obter esse estatuto, em particular devido às disputas políticas internas entre sérvios, croatas e muçulmanos, que têm bloqueado o processo de reformas exigido pelos responsáveis europeus num país assolado pelos impasses políticos e graves problemas económicos.
A ex-república jugoslava foi declarada independente no início de 1992 pelos “partidos” muçulmano e croata bósnio e a oposição dos sérvios bósnios. Seguiu-se uma violenta guerra civil interétnica (abril de 1992-novembro de 1995), concluída com os acordos de Dayton. Desde então, a Bósnia-Herzegovina permanece dividida em duas entidades — Federação croato-muçulmana e Republika Srpska — com amplos poderes face a um governo central e a uma presidência tripartida muito fragilizados.
O país tem sido supervisionado por um Alto Representante internacional e que ainda possui consideráveis poderes executivos, sendo apontado com um fator acrescido de instabilidade. A UE também possui um alto representante e uma delegação em Sarajevo, dirigidas pelo mesmo responsável.
Para tentar dinamizar a aproximação com a Bósnia, em desvantagem face à maioria dos restantes Estados balcânicos, Bruxelas adotou em 2014, sob o impulso do Reino Unido e Alemanha, uma nova abordagem. O objetivo consistia em prescindir das complexas revisões constitucionais e privilegiar as reformas para relançar a economia e criar empregos, num país de 3,8 milhões de habitantes, uma taxa de desemprego que ultrapassa 40%, crescentes protestos sociais e focos de islamismo radical.
Em fevereiro de 2015 o parlamento central bósnio adotou uma declaração onde se comprometia com as reformas, incluindo o mercado de trabalho, que já começou a ser aplicada. Após novas insistências de Bruxelas, as autoridades deste país etnicamente dividido também chegaram a um acordo considerado definitivo sobre um “mecanismo de coordenação” de diversos níveis de poder, para “poderem falar a uma só voz” com a UE.
No entanto, este turbulento processo de normalização política no país mais instável dos designados Balcãs ocidentais permanece ameaçado. Assim, em 1 de janeiro, o Parlamento europeu suspendeu os acordos de comércio preferencial com a Bósnia, após a ex-república jugoslava ter repetidamente falhado em ajustar as suas quotas de exportação aos níveis da UE.
Uma semana mais tarde, a delegação da União em Sarajevo anunciava que a Bósnia apenas poderia solicitar o pedido formal caso fossem previamente divulgados os resultados do censo populacional que decorreu em outubro de 2013.