O governo chinês declarou que a instalação de um sistema antimíssil norte-americano na península coreana, em resposta aos programas balístico e nuclear da Coreia do Norte, ameaça os interesses estratégicos de Pequim.
Na passada semana, Washington e Seul anunciaram a realização de negociações sobre a instalação do sistema THAAD (Terminal High Altitude Area Defense), depois de Pyongyang ter lançado, este mês, um foguetão para colocar um satélite em órbita e de ter efetuado um um teste nucler em janeiro.
A comunidade internacional considerou que o lançamento foi um ensaio balístico.
“Expressamos a nossa firme oposição às tentativas dos países implicados de prejudicar os interesses estratégicos e de segurança da China, utilizando a questão nuclear como pretexto”, declarou Hong Lei, um porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, num encontro regular com a imprensa.
A China está “seriamente preocupada com a eventual instalação do sistema THAAD”, acrescentou.
O sistema “cobre um raio de ação que vai muito além das necessidades de defesa da península coreana”, sublinhou.
Pequim afirma que um escudo antimíssil levaria a uma corrida aos armamentos na região.
O sistema THAAD dispara mísseis concebidos para intercetar e destruir mísseis balísticos, quando ainda se encontram no exterior da atmosfera ou quando acabam de entrar, durante a última fase de voo.
Os engenhos intercetores não estão equipados com qualquer tipo de carga e usam energia cinética para destruir o alvo.
A China convocou o embaixador da Coreia do Sul em Pequim, depois do anúncio de Seul de realizar as negociações com os Estados Unidos, que deverão começar esta semana.
“Não permitiremos qualquer tentativa de ataque contra os nossos direitos legítimos e segurança nacional”, afirmou Hong.
Pequim pediu o reinício das negociações sobre o programa nuclear norte-coreano, sublinhando que as sanções não eram o objetivo das conversações.
Em editorial, O jornal oficial China Daily defendeu novas medidas da ONU que atinjam verdadeiramente a Coreia do Norte, mas acrescentou que a instalação de um míssil antimíssil poderia impedir um acordo sobre uma resolução.
A ideia que um fim do regime norte-coreano permita uma reunificação da Coreia sob influência dos Estados Unidos preocupa fortemente Pequim. Washington recusou voltar à mesa das negociações com Pyongyang enquanto a Coreia do Norte não suspender o programa nuclear.
Posição que Pequim afirma resultar no impasse atual.
Os Estados Unidos pressionam a China, que apoia economicamente a Coreia do Norte, para usar a sua influência para mudar o comportamento do vizinho.