O presidente não executivo do BPI defendeu esta sexta-feira que a cisão do Banco do Fomento Angola (BFA) é “a melhor solução” e que a interessa a todos os acionistas do banco português, lembrando que nenhum apresentou argumentos contra.

Em entrevista à edição de fim de semana do Jornal de Negócios, Artur Santos Silva acrescenta que a solução proposta pela gestão do banco foi aceite pelo Banco Central Europeu (BCE). É por imposição do BCE que o BPI tem de reduzir a sua exposição ao risco da operação em Angola onde controla 51% do BFA, um dos principais bancos de retalho.

Apesar desta insistência na cisão, a proposta de destaque da participação do BPI no BFA foi chumbada em assembleia geral na sexta-feira passada com o voto decisivo de Isabel dos Santos, a segunda maior acionista. A empresária angolana tinha feito em alternativa uma proposta de compra do 10% do BPI no BFA, o que lhe permitia assumir o controlo da instituição africana.

Mas esta oferta foi recusada pela gestão liderada por Fernando Ulrich. Uma das dúvidas que se terá colocado a esta solução é se seria suficiente para convencer o BCE de que a redução da participação do BPI para menos de 50% do BFA responderia às exigências do supervisor europeu. O BPI tem até abril para encontrar uma resposta.

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Não é só Angola que divide os principais acionistas do banco. Aliás nesta entrevista Artur Santos Silva, que é presidente da Fundação Gulbenkian, reconhece que “se já estivesse tudo resolvido não estaria no BPI”, banco que fundou nos anos 80 e do qual ainda é presidente não executivo.

A comissão executiva propôs o fim da blindagem, que limita a 20% os direitos de voto no BPI, mas esta pretensão, que iria beneficiar o CaixaBank que controla cerca de 44%, foi já contrariada por dois acionistas representados no conselho de administração, Isabel dos Santos e a família Violas.

Num texto de opinião publicado também no Negócios esta sexta-feira, Tiago Violas Ferreira manifesta-se contra a intenção do Governo de alterar a legislação para “facilitar a transformação do BPI numa sucursal do Caixabank”. Em causa está uma notícia do Expresso, segundo a qual estaria a ser preparada legislação para ultrapassar o braço-de-ferro provado pela blindagem dos estatutos no banco.

O banco catalão tentou assegurar o controlo da instituição portuguesa no ano passado, lançando uma oferta pública de aquisição (OPA), que no entanto morreu quando foi chumbado o fim do limite aos direitos de voto. Na altura, o preço oferecido pelo CaixaBank não agradou a ninguém, nem aos maiores acionistas nem à comissão executiva do banco.

Sem a alteração dos estatutos, que facilitaria a participação num processo de consolidação, o BPI continua num impasse, com os principais acionistas a discordarem da estratégia.