Em novembro passado, Sónia Lima e Nélson Ramos separaram-se. Chegava ao fim uma relação de quatro anos da qual tinham nascido duas crianças: Viviane, de 19 meses, e Samira, de quatro anos. Sónia fez queixa de Nélson porque dizia que ele exercia violência doméstica contra ela e abusava sexualmente das filhas; Nélson queixou-se de Sónia porque considerava que a mãe estava a tentar afastar as crianças dele. Ao todo, escreve o Diário de Notícias, foram oito as entidades a que chegaram relatos sobre esta família. Nenhuma conseguiu evitar que Viviane e Samira morressem afogadas no Tejo, na segunda-feira passada.
De acordo com a RTP, a primeira queixa deu-se a 17 de novembro, altura em que Sónia foi ao Hospital Amadora-Sintra pedir um exame de despiste de abuso sexual. Estava desconfiada de que Nélson tivesse molestado a filha Samira. Há contudo suspeitas de que a mulher sofria de perturbações psicológicas, estando a atravessar uma depressão, pelo que pode ser considerada inimputável, o que resultaria no internamente em vez de uma pena de prisão.
Segundo o DN, envolveram-se no caso ainda outras sete entidades: a PSP (que recebeu a queixa de violência doméstica, crime do qual Nélson é suspeito); o Ministério Público (que está desde novembro a investigar essa mesma suspeita); a Polícia Judiciária; o Tribunal de Família e Menores de Sintra (onde Nélson foi queixar-se de alienação parental); a Segurança Social; a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens e a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima.
Atualmente, e de acordo com o Jornal de Notícias, Nélson é arguido no caso da alegada violência doméstica sobre Sónia, estando sujeito a termo de identidade e residência. O homem, de 35 anos, nega todas as acusações de Sónia, que está em prisão preventiva, suspeita de ter assassinado as duas filhas. No início deste mês, as autoridades criaram um plano de segurança para a família com o objetivo de afastar Sónia e as crianças de Nélson, uma vez que, considerou o Ministério Público, “havia um risco elevado” de violência doméstica. O plano, diz o DN, não chegou a ser posto em prática.