Até há pouco tempo poder-se-ia dizer, como Mark Twain, que as notícias acerca da morte das skinny jeans foram “largamente exageradas”. Afinal, elas ainda estão nas lojas, nos sacos de compras e nas pernas de muita gente. No entanto, parece ser desta. “O mais recente consenso do mundo da moda” diz que “as calças justas morreram”. As coisas mudaram e o que está a ser valorizado agora é “uma silhueta mais solta e relaxada”.
Quem o escreve com estas palavras é o Telegraph, mais um jornal a juntar-se ao coro de vozes e a fazer o obituário da peça que melhor sobreviveu nos últimos tempos — mesmo com alertas de saúde — e que teve qualquer coisa como dez anos de reinado, controlando 76 por cento do mercado da ganga em 2014 — mercado esse avaliado pelo Euromonitor em 98 mil milhões de euros.
Mas antes do adeus às skinny jeans, uma ressalva: como em tudo o que são tendências, ninguém é obrigado a seguir o que a indústria da moda envia para as passerelles, e a escolha de umas calças de ganga é também uma opção pessoal e que deve ter em conta o que favorece cada tipo de corpo. Ou seja, adeus às skinny jeans se estiver pronto para se despedir delas. E depois do adeus, bem-vindo a um admirável mundo (mais ou menos) novo.
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Que bem que se está em 2016… como nos anos 50
Quando se olha para as calças que se passeiam nos principais passerelles e que captam mais flashes nas contas de Instagram dedicadas ao street style, é impossível não ter uma certa sensação de déjà vu. Já se sabe que a moda é cíclica e que tem de estar sempre a reiventar-se para as vendas não estagnarem, mas os fechos com botões, o corte a direito e os jeans clássicos e sem elasticidade — tudo aquilo que se valoriza agora — têm anos 50 (e 90) escrito por todo o lado. As velhinhas 501 — que a Levi’s criou em 1873, quando cunhou o termo jeans, e em que voltou a apostar recentemente com o lançamento da campanha Live in Levi’s — são um dos melhores exemplos da “nova” tendência, sendo que a ideia, como resume a editora de acessórios da revista Elle britânica, Donna Wallace, é que a ganga se comporte como ganga.
O que está na moda
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- A direito e sem elástico, à boca de sino ou curtas: as calças que estão a destronar as “skinny jeans” podem ser muito diferentes entre si mas todas têm em comum o facto de não serem justas até abaixo e privilegiarem uma silhueta mais solta e descontraída.
- Em cima também há mudanças: aposte na cintura média ou subida. Calças com um cós muito baixo não só não estão na moda como não são práticas e não favorecem ninguém. A cintura é para estar bem marcada e as cuecas bem tapadas.
- Esconda a roupa interior mas mostre os tornozelos e até um pouco da canela. Umas calças a caírem a direito e a taparem os sapatos não fazem bem nem à silhueta de Gisele Bündchen. Se não quer fazer bainha, faça uma dobra (ou duas) nas calças ou corte simplesmente o tecido a mais com uma tesoura — o desfiado também se usa.
- Nas bainhas e não só, calças rasgadas são permitidas mas invista também nuns “jeans” de tom escuro e sem lavagens, pespontos ou rasgões. Faz parte dos básicos a ter no armário.
Mom jeans? Bootcut? E em português?
Tal como a expressão jeans se popularizou em inglês, por culpa da influência da cultura norte-americana na expansão da ganga, olhar para as etiquetas das calças hoje em dia é como estar no closet de Barack Obama. Todos os termos estão em inglês, e cada um corresponde a diferentes silhuetas (e décadas) universais, sendo que entre a altura da cintura e o tipo de corte é possível encontrar, numa mesma loja, dezenas de combinações diferentes. Não se perca nos termos e saiba o que significa cada um dos modelos à venda atualmente:
Skinny jeans sempre: como continuar a usá-las
Se as suas pernas sofrem de Síndrome de Estocolmo e ainda não estão prontas para se libertarem, fixe algumas dicas para continuar a usar skinny jeans sem a desaprovação de Anna Wintour:
- Como são muito apertadas e às vezes mostram mais do que deviam, as calças justas funcionam melhor em tons escuros e com a cintura subida;
- Lá porque a ganga é elástica, não vale mentir no tamanho e usar o número abaixo. Não só é desaconselhável para a circulação como vai causar um efeito visual de linguiça;
- Em termos de proporções, e como sempre, aposte nos contrastes. Já que a parte de baixo é tão justa, compense com um top mais largo ou com volume;
- O mesmo se aplica ao calçado. Umas calças afuniladas ganham interesse com uns sapatos “compactos”, como uns Oxford (o típico par masculino), ou até mesmo com uns ténis. Por oposição, o cenário skinny jeans + skinny heels (sapatos de salto agulha) é de fugir.
- Para conseguir algum do ar descontraído que se valoriza atualmente sem ter de mudar de silhueta, corte a bainha das skinny jeans grosseiramente com uma tesoura e puxe os fios soltos para mostrar uma fatia das canelas. Vai ficar automaticamente com um ar menos apertado e pode encarar o gesto rebelde como a primeira escavadela no túnel para a liberdade.