São cerca de 22 mil fichas de inscrição de soldados do Estado Islâmico (EI), algumas delas divulgadas online nos últimos dias, que podem vir a contribuir para um profunda investigação sobre quem está por trás do EI. A ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, disse esta quinta-feira, em Bruxelas, que as autoridades portuguesas estão a analisar a lista com os dados relativos a elementos ligados ao grupo extremista.
A SIC noticiou esta quinta-feira que a Polícia Judiciária portuguesa já teria tido acesso à lista e que estaria neste momento a tentar descobrir portugueses ou luso-descendentes entre os nomes. Mas ao Observador, fonte oficial da PJ disse que não tinha recebido qualquer documento por via oficial e que ainda não tinham confirmação da veracidade dos documentos.
A via oficial neste caso seriam os Serviços de Informação de Segurança. A ministra da Administração Interna confirmou que: “Neste momento as autoridades portuguesas estão, naturalmente, a trabalhar com as suas congéneres para analisar não só a veracidade dessa lista, como o seu conteúdo”.
O investigador João Rucha Pereira afirmou à TVI que teve acesso a uma lista há já alguns meses e que nela constavam os nomes de 23 portugueses. O investigador admitiu que atualmente o Daesh não terá mais de 10 soldados portugueses.
“Todos sabemos que existem alguns nomes de lusodescendentes que aderiram às fileiras do Daesh e que estão perfeitamente monitorizados pelas nossas autoridades, e portanto aí não há nenhuma novidade que possamos esperar”, disse Constança Urbano de Sousa à margem de uma reunião de ministros do Interior da União Europeia. “Neste momento, a informação que eu tenho é que as autoridades portuguesas têm acesso a essa lista, e estão neste momento a analisar.”
A lista, entregue por um dissidente do Estado Islâmico à Sky News, trata-se, na sua maioria, de documentos que revelam a identidade de vários combatentes do Daesh. Para além de nomes de soldados, revelam também moradas, números de telefone e alguns contactos de família.
Entre os documentos divulgados encontram-se inquéritos com 23 perguntas dirigidos a possíveis membros da organização, de acordo com o Independent. Nos formulários são pedidas informações como o nome, a data de nascimento, a nacionalidade, a cidade de origem, o tipo sanguíneo, o nível de educação, o nome de solteira da mãe, o estado civil ou o conhecimento da sharia. No final do questionário há um espaço para o candidato escolher a “data e local para a sua morte.”
Os inquéritos perguntavam também qual a função que o candidato desejava exercer: bombista suicida, soldado ou outro.
Foram encontrados questionários com os nomes de 1.736 combatentes do Daesh, de mais de 4o países diferentes, revelou o The Guardian.
O especialista em segurança Will Geddes, citado pelo Independent, afirmou que esta descoberta lançará o Daesh “num estado de crise gigantesca”.
Atualizado às 19h15