É uma questão pessoal e, já agora, também é para levar a peito. Uma das maiores tendências do ano consiste em escrever o nome próprio em cachecóis, mochilas ou carteiras e vestir momentaneamente o papel de designer de moda para decidir, por exemplo, como vai querer a sola ou os atacadores dos próximos sapatos a comprar. Parece ser a mais deliciosa das incongruências: numa indústria massificada, onde uma fábrica produz roupa em série para o mundo inteiro vestir, é dada ao consumidor uma arma que se pode resumir numa palavra — personalizar.
A estratégia é antiga — basta pensar na Louis Vuitton ou na Smythson, que permitem aos clientes gravar as iniciais nas suas peças desde o século XIX — mas a novidade está na forma como o conceito foi disseminado e adaptado a todos os preços, provando que o luxo não tem de ser o nome do meio da exclusividade. Um dos melhores exemplos é o de Anya Hindmarch. Depois de apresentar ao mundo as suas malas de quatro dígitos, conhecidas pelos emblemas divertidos, a designer criou uma Sticker Shop com esses mesmos emblemas para comprar avulso e colar em carteiras de mão, cadernos ou no telemóvel. Embora cada patch se aproxime dos 50€, a ideia do “faça você mesmo” mostrou ter tanto potencial e procura que rapidamente surgiram versões acessíveis em lojas como a Stradivarius, a Asos ou a Claire’s.
Mas falar de personalização em 2016 é falar de muito mais do que no regresso dos emblemas, nos porta-chaves para pendurar ou nas velhinhas pulseiras de prata com o nome do bebé mandado gravar na ourivesaria. Depois de a Burberry, a Longchamp ou a Fine & Candy se terem juntado ao clube dos “monogramáveis”, a Undandy mostrou o que são sapatos personalizáveis à portuguesa, a Fendi lançou o “Strap You”, uma opção que permite escolher entres nove alças para as carteiras da marca, e a Furla acaba de apresentar o “My Play Furla”, onde a consumidora pode ter 10 malas a partir de uma única, bastando para isso mudar-lhe a pala com um sistema de molas. “Dá asas à tua criatividade”, diz a marca na campanha. “Você controla a era da informação”, já dizia a Time quando escolheu o “tu” para personalidade do ano em 2006.
Uma sensação de controlo e individualidade
“Somos constantemente bombardeados com novidades e promoções”, declarou no final do ano passado a especialista em retalho de moda, Katie Smith, ao jornal britânico The Telegraph. “A customização permite-nos assumir novamente o controlo. É um diferenciador fantástico e uma forma de agradar aos consumidores leais.”
Numa altura em que o “faça você mesmo” não está tão ligado a ideais anticonsumistas como quando surgiu, nos anos 70, mas mais a uma procura de singularidade, gravar as iniciais num saco de viagem ou decidir se os ténis ficam com a sola azul ou branca pode ser o que garante essa diferença e apropriação.
Quando andávamos na escola os autocolantes e cromos no dossier chegavam, agora valham-nos as opções dadas pelas marcas, reunidas em fotogaleria.