O líder do Ciudadanos, Albert Rivera, rejeitou permitir a aprovação de um Governo entre o PSOE e o Podemos, depois de esta hipótese ter sido referida como a “melhor para Espanha” por Pablo Iglesias (Podemos) após uma reunião com Pedro Sánchez (PSOE). Uma solução que juntasse estes dois partidos teria sempre de contar com os votos favoráveis, ou pelo menos com a abstenção, dos Ciudadanos numa sessão de investidura.

Agora, perante um cenário de novas eleições — que já têm data marcada para 26 de junho se até 3 de maio não houver Governo –, Rivera aponta aquilo que acredita ser a única coisa menos desejável: “Umas eleições antecipadas seriam más para Espanha, mas há uma coisa pior, que é um mau Governo em Espanha”.

“Um Governo de Espanha com a economia nas mãos do Podemos, com o modelo grego ou venezuelano na economia, com o Podemos a pedir referendos na Catalunha, na Galiza ou no País Basco, ou a subir os impostos aos espanhóis, seria um desastre económico e para a estabilidade política”, disse o líder do partido de centro-direita liberal numa entrevista na noite de quarta-feira à Telecinco.

Se por um lado Rivera rejeitou o Podemos, por outro tentou devolver o PP, de Mariano Rajoy, ao centro da discussão. “Não haverá Governo, nem um bom Governo, se o PP, de forma ativa ou passiva, não se sentar à mesa. Isto faz parte do senso comum. Há um problema não só de investidura, mas também de governabilidade. Se o PP não se senta à mesa, mergulharemos de cabeça numas novas eleições”.

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Ficou então dada mais uma prova de que, se para dançar o tango são precisas apenas duas pessoas, são necessárias pelo menos três para formar Governo em Espanha. Passado um trimestre das eleições de 20 de dezembro do ano passado terem atado um nó górdio na política espanhola, os líderes dos quatro partidos mais votados ainda não conseguiram desfazê-lo, protagonizando antes um vai-vem de negociações infrutíferas.

Iglesias disponível para não ser vice-Presidente em troca de Governo

O último episódio passou-se na quarta-feira, quando Pablo Iglesias e Pedro Sánchez se reuniram de manhã. O encontro começou com o líder do Podemos a dar o livro “História do basquetebol espanhol” ao socialista, deixando-lhe uma mensagem de aproximação na dedicatória: “É bom começarmos por aquilo que nos une. Um abraço, Pedro Iglesias”. Ao tom cordial, Iglesias juntou uma promessa: se ele próprio fosse um entrave a um Governo com o PSOE, estaria disposto a abdicar do cargo de vice-Presidente, entregando-o a outro “companheiro ou companheira” do Podemos.

Ainda assim, não emergiu daquela reunião qualquer tipo de acordo. Iglesias defendeu “o caminho do 161”, isto é, a soma dos deputados do Podemos, do PSOE e da Izquierda Unida — algo que só poderia ser possível com a aprovação parlamentar do Ciudadanos. Sánchez propôs-lhe outro número: 199. Ou seja, a soma dos deputados do PSOE, com os do Podemos e os do Ciudadanos. “A materialização [da coligação a três] poderá fazer-se com os três sentados a uma mesa para perceber quais são as questões comuns às três formações políticas e esse Governo pô-las-á em marcha”.