Miguel Albuquerque, líder do PSD/Madeira, diz ao Observador que “o compromisso dos deputados eleitos pelo PSD pela Madeira é, em primeiro lugar, com a Região Autónoma da Madeira, e é isso que está exarado no programa eleitoral”. E vai mais longe: “Sempre que estiverem em causa interesses primaciais da região, temos que defendê-los e seria incompreensível que assim não fosse”. Com esta declaração de independência, o presidente do Governo Regional da Madeira reagia, durante o congresso do PSD, em Espinho, à notícia da Sábado segundo a qual o Conselho de Jurisdição Nacional (CJN) do partido deduziu acusação contra os deputados do PSD/Madeira que, desobedecendo às ordens de Pedro Passos Coelho, votaram favoravelmente o Orçamento Retificativo apresentado em 23 de Dezembro de 2015 pelo Partido Socialista com o objetivo de viabilizar a venda do Banif.
Os deputados são Sara Madruga da Costa, Rubina Berardo e Paulo Neves, que foram afastados dos cargos que desempenhavam no Grupo Parlamentar do PSD. A pena pode ir de uma advertência escrita até à expulsão do partido, segundo a Sábado. Miguel Albuquerque disse ao Observador não acreditar que venha a haver sanções: “Penso que vai ficar resolvido. Não vai acontecer nada de especial. Vai ser compreendida a posição da região.”
Segundo o presidente do PSD/Madeira, “ficou muito claro que o que os deputados votaram foi a resolução do Banif”, explicou ao Observador. “É evidente que posso compreender que possa ter violado alguns princípios da disciplina. Mas o Banif tinha e tem um peso determinante na economia da região. É muito importante o vínculo dos deputados, não à direção partidária mas aos círculos em que são eleitos”.
Numa reunião com o grupo parlamentar, Passos Coelho terá dito, segundo a Sábado: “Já não estava a contar com estas jardinices”. Miguel Albuquerque afirma ao Observador que, apesar de serem deputados da nação, os parlamentares devem ter “um vínculo às respetivas comunidades e distritos eleitorais”. E aponta ao discurso de Passos na sexta-feira à noite, a abrir o congresso. “Daí ontem ainda se ter falado na revisão da lei eleitoral. No fundo, a eleição dos deputados não pode ser só determinada pelo aparelho partidário. Acho que isso leva a descredibilização da própria Assembleia.”