Pelo menos dois elementos da Polícia Judiciária terão sido detidos pelos próprios colegas por suspeitas de corrupção, branqueamento de capitais e tráfico de droga, avança a revista Sábado. Segundo o comunicado, entretanto enviado pela Polícia Judiciária, na “importante” operação foram já detidos 15 suspeitos, entre os 39 e os 61 anos.
Ao que o Observador apurou junto de fonte da Polícia Judiciária, a operação policial em curso visa “vários suspeitos” e entre os detidos estão um funcionário da PJ já reformado e um inspetor no ativo. O Correio da Manhã diz que os elementos da Policia Judiciária são o coordenador Dias Santos, já aposentado, e o inspetor-chefe Ricardo Macedo, ainda no ativo.
O coordenador Dias Santos, um histórico na PJ, chegou a liderar a agora denominada Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes. E dava muitas vezes a cara à comunicação social quando eram apreendidas grandes quantidades de droga. Antes de se aposentar, integrou a Unidade Nacional Contra o Terrorismo.
Ainda segundo o Correio da Manhã, os dois elementos detidos são suspeitos de terem recebido avultadas quantias em dinheiro de suspeitos de tráfico de droga que estariam a ser investigados. Os nomes dos dois operacionais terão sido detetados em escutas telefónicas durante uma investigação da PJ. Os suspeitos de tráfico de droga falavam dos nomes dos polícias como destinatários para pagamento de milhares de euros em troca de impedir novas apreensões e localizar um carregamento de droga que tinha desaparecido.
No comunicado enviado esta terça-feira pela PJ sobre a operação “Aquiles”, como a Judiciária lhe chamou, refere-se que a operação estava a cargo da Unidade Nacional de Combate à Corrupção com a colaboração de várias outras unidades, como a própria Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes, em inquérito coordenado pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal – DCIAP.
Em causa estão os crimes de corrupção ativa e corrupção passiva para ato ilícito, branqueamento de capitais e tráfico de estupefacientes.
A operação mobilizou quase 250 elementos da Policia Judiciária, bem como magistrados judiciais e do Ministério Público. Foram feitas 120 buscas, domiciliárias e não domiciliárias, por todo o país.
A investigação prossegue com vista à continuação da recolha de prova. O primeiro interrogatório judicial começa na quarta-feira no Tribunal Central de Instrução Criminal, disse à Lusa fonte da defesa.
A Procuradoria-Geral da República também já emitiu um comunicado a referir que houve buscas em Lisboa e no Porto e que o processo está em “segredo de justiça”.
Ao Diário de Notícias, o diretor da Europol, Robert Wainwright, lamenta que o envolvimento de agentes de polícia continue a “ser um facilitador” de crimes como o “tráfico de droga”. O britânico que dirige a agência que coordena as polícias europeias considera que o resultado da operação conduzida em Portugal se trata de “um caso invulgar”.