A ideia de que uma baleia pode usar a sua cabeça como aríete para afundar navios tem sido discutida desde a publicação do romance “Moby Dick” em 1851. Mas estudos recentes confirmaram a capacidade deste animal para o fazer.
Desde que o escritor americano Herman Melville escreveu “Moby Dick”, em 1851, a imagem de um cachalote a usar a sua cabeça como lança para afundar barcos tornou-se um mito, alago apenas imaginário. Até agora, a ciência ainda não tinha confirmado que este mamífero tinha mesmo esta capacidade, apesar de existirem algumas referencias históricas.
Em 1820, o Essex, um navio especial para a captura de baleias, sofreu um ataque de um cachalote macho no oceano Pacífico. Os danos feitos no barco foram enormes e este acabou por afundar, deixando a tripulação à deriva. Apesar de esta história ter inspirado Melville, os biólogos marinhos mostraram-se céticos.
Atualmente existem poucos casos registados de cachalotes a lutarem entre si ou a atacarem. Porém, em janeiro de 1997, este comportamento foi detetado no Golfo da Califórnia.
“Este caso, juntamente com as informações que temos de ataques a barcos no século XIX, indicam que há algumas ocasiões em que eles participam em combates”, declara Olga Panagiotopoulou, autora do principal trabalho escrito na publicação Peer J. A investigação partiu da informação histórica recolhida ao longo de dois séculos sobre os ataques destes animais a navios. Mas foi a diferença entre o tamanho da cabeça dos macho e das fêmeas que mais atraiu os cientistas.
“Os machos são três vezes maiores que as fêmeas e o tamanho da cabeça é a principal característica do dimorfismo sexual, o que sugere que estas hipóteses sobre os ataques possam ser verdade”, admite a cientista. A equipa de investigadores está a estudar os mecanismos que permitem aos machos aparar os golpes.
Os investigadores analisaram pela primeira vez a parte frontal da cabeça do cachalote. A principal estrutura da cabeça é o órgão espermacete, uma cavidade volumosa usada para facilitar o mergulho e que contem um óleo muito cobiçado durante os séculos XVII e XIX, que era vendido como lubrificante e combustível para lâmpadas.
As analises feitas mostram que o tamanho e a forma da frente da cabeça dos cachalotes, principalmente a parte chamada “junk”, está relacionada com os combates entre machos. “Durante os ataques, é mais provável que usem esta parte que é feita de uma estrutura que amortece e reduz a força dos golpes”, sublinha Panagiotopoulou que conclui que estes animais têm o que é preciso para atacar um barco.