“O dr. Soares não conhece chineses. Só conhece o Stanley Ho”, afirmou Carlos Monjardino, membro do Conselho Geral da Fundação Soares, ao Observador, depois de a revista Visão ligar Ng Lap Seng, bilionário macaense envolvido num escândalo de corrupção a altos funcionários da ONU, a esta instituição. No entanto, Lap Seng nunca terá comparecido a quaisquer reuniões da fundação do antigo Presidente da República.
A revista Visão traça o percurso de Ng Lap Seng entre Portugal e Macau e liga o bilionário macaense que atualmente se encontra em prisão domiciliária depois de ter sido acusado de subornar John Ashe, antigo presidente da Assembleia Geral da ONU com mais de 500 mil dólares tendo em vista a promoção dos interesses chineses naquela organização, à Fundação Mário Soares. Ng Lap Seng faz parte do Conselho Geral desta fundação ao lado de nomes como Américo Amorim ou Francisco Pinto Balsemão.
No entanto, ao Observador, Carlos Monjardino, presidente da Fundação Oriente e membro do Conselho Geral da Fundação Mário Soares, defende que nunca viu Ng Lap Seng em nenhuma das reuniões desta instituição e que o único chinês que o antigo Presidente da República conhece é Stanley Ho. “Ninguém o conhece lá“, garantiu Monjardino.
A revista Visão ainda revela que uma das possíveis ligações da Fundação a este cidadão chinês – que viaja também com passaporte português – é Neto Valente, advogado com escritório em Macau e que também tem assento no Conselho Geral da Fundação. Os negócios entre os dois, especialmente em mega projetos imobiliários, mostram um longo historial de relações de negócios. No entanto, a Fundação Soares também terá beneficiado das doações de vários milionários macaenses aquando a sua constituição, já que à Visão, Joaquim Vieira, autor da biografia “Mário Soares – uma vida”, afirmou que quem deu mais dinheiro para as campanhas de Soares terá beneficiado de um lugar na fundação.
Ng Lap Seng pagou uma fiança de 50 milhões de dólares para permanecer em prisão domiciliária, embora cada vez mais testemunhas estejam a revelar o seu envolvimento no esquema de subornos patrocinado por este multimilionário. Caso venha a ser condenado, Carlos Monjardino afirma que será expulso do Conselho Geral.