Eis uma notícia assustadora: todos os anos são diagnosticados em Portugal 12 mil novos casos de cancro de pele. E se estes números não são suficientemente alarmantes, há mais para partilhar. Segundo a Skin Cancer Foundation, todos os anos há mais casos de cancros de pele do que de peito, próstata, pulmões e cólon juntos. O que é que isto significa? Que as horas que passou este fim de semana prolongado a passear ao sol, na praia, nos jardins ou nos terraços sem qualquer tipo de proteção porque, afinal de contas, ainda agora começou a primavera, podem trazer-lhe, a longo prazo, problemas.
Pensar que ainda não precisa de proteção solar porque nem sequer é verão, é um pensamento errado: os primeiros raios de sol são exatamente os mais prejudiciais porque a pele ainda não está preparada nem protegida. Com tanta informação, porque continuamos a expor a nossa pele de uma forma tão negligente?
O abc do Índice UV
Em Portugal há uma exposição solar quase anual. Temos inverno, temos chuva, temos frio, é verdade. Mas também temos sol praticamente o ano todo. Este fim de semana, o índice de UV chegou ao nível 8 em praticamente todo o país, o que equivale a um índice muito elevado e, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), obriga a alguns cuidados: óculos de sol com filtro UV, chapéu, guarda-sol, roupa (ou seja, não se expor em fato de banho entre as 12h00 e as 15h00), protetor solar e evitar a exposição das crianças ao sol. Foi isto que fez nos últimos três dias?
De forma geral, os valores médios do UV em Portugal enquadram-se entre 3 e 6 (moderado, com possibilidade de alto em alguns momentos) entre outubro e abril. E entre 9 e 10 (muito alto) entre maio e setembro. E os cuidados que a OMS aponta para estes valores não deixam margem para dúvidas: óculos de sol e protetor solar para o índice moderado e alto — ou seja, durante todo o ano.
Os riscos para cada tipo de pele
Todos temos uma capacidade genética de nos defendermos do sol consoante o tipo e a cor da nossa pele, olhos e cabelos. É o chamado fotótipo que vai de 1 a 4. E perceber isto é muito simples:
- Fotótipo 1 — É uma pele que nunca se bronzeia e queima-se sempre, com cabelo e olhos claros.
- Fotótipo 2 — Bronzeia-se às vezes, mas também se queima por vezes, com cabelo claro ou acastanhado e olhos claros ou amendoados.
- Fotótipo 3 — Bronzeia-se sempre e raramente se queima, com cabelo castanho e olhos escuros.
- Fotótipo 4 — Bronzeia-se sempre e raramente se queima, com cabelo preto e olhos escuros.
Pessoas com fotótipos baixos como o nível 1 ou 2 vão precisar de cuidados redobrados porque, nas mesmas condições que outras pessoas com fotótipos altos, vão queimar mais rapidamente e provocar danos mais graves na pele. Agora que já sabe qual é o seu fotótipo de pele, vamos perceber se usa o protetor solar certo.
- Quando o índice de UV está moderado, ou seja, durante o inverno, os tipos de pele 1 têm de usar protetor 30; os tipos de pele 2 têm de usar protetor 25; os tipos de pele 3, protetor 15; e os tipos de pele 4, basta o protetor 12.
- Quando o índice de UV está alto, ou seja, o fim de semana que passou e os próximos dias, os tipos de pele 1 têm de usar protetor 50; os tipos de pele 2 têm de usar protetor 40; os tipos de pele 3, podem usar protetor 30; e os tipos de pele 4, protetor 20.
- Quando o índice de UV está muito alto — como em alguns dias no verão quando se atingem picos de radiação — os tipos de pele 1 têm de usar protetor 60; os tipos de pele 2, obrigatoriamente 50; os tipos de pele 3 nunca menos de protetor 40; e os tipos de pele 4 podem usar protetor 30.
Conclusão: não há nenhum fotótipo de pele que dispense o protetor solar em qualquer dia do ano.
Protetores solares do ano anterior
Se ainda não comprou nenhum protetor solar este ano porque nem chegámos ao verão e, nestes dias, tem estado a usar os restos do ano passado, é como se não estivesse a aplicar nada. E embora possa parecer conversa “fiada” para que, todos os anos, tenha de comprar novos protetores e a indústria da cosmética continue a lucrar, a verdade é que há algum fundamento nesta informação. O jornal britânico Daily Mail falou com especialistas e a resposta é unânime: o protetor solar perde a capacidade de bloquear os raios UV ao fim de um ano.
Explicando de forma prática, os filtros UV presentes nos protetores solares deixam de se espalhar de forma uniforme por toda a pele e os componentes vão, ao longo dos meses em que o protetor esteve arrumado no armário, perder a potência de proteção. Mesmo que a sua fórmula continue estável e o produto esteja em boas condições (textura e cheiro), o seu efeito já não é eficaz.
O que tem de saber quando compra um protetor solar:
- Tenha atenção se tem filtros de proteção UVA e UVB. Os UVA (A de “aging”) são os raios que existem durante todo o ano e os principais responsáveis pelo envelhecimento da pele e o cancro. Os UVB (B de “burning”) são os raios que penetram superficialmente na pele, responsáveis pelas queimaduras solares e também o cancro.
- Os raios infravermelhos são energia termal, qualquer coisa como o quente que sentimos na pele quando estamos ao sol. Já há protetores que, além de filtros de proteção UVA e UVB também protegem contra os infravermelhos como os Sun Care de Lancaster.
- Escolha produtos de longa duração e resistentes à água e ao suor. Alguns protetores solares já oferecem filtros de proteção que duram mais de seis horas, como os Sundurance de Anne Möller.
Como forma de consciencializar e sensibilizar para a troca de protetores solares, a marca Uriage lançou a campanha “troque o seu protetor solar antigo”. Até ao dia 31 de maio vão existir nas farmácias caixas de recolha que oferecem um desconto imediato de 3€ na compra de qualquer produto solar novo da marca. E sim, os produtos solares antigos deixados na caixa podem ser de outras marcas.