O secretário-geral da ONU apelou hoje às grandes potências nucleares, incluindo os Estados Unidos, para que ratifiquem “sem demora” o Tratado de Interdição de Ensaios Nucleares, documento que continua estagnado duas décadas após a assinatura.

O Tratado de Interdição Completa de Ensaios Nucleares foi concluído em 1996 e ratificado, até à data, por 164 países, entre os quais a Rússia, França e o Reino Unido. No entanto, o documento ainda não entrou em vigor, porque oito países, incluindo os Estados Unidos e a China, ainda não avançaram com a ratificação.

“Apelo aos Estados que restam, aos oito Estados que faltam, que assinem e ratifiquem o tratado sem demora”, declarou Ban Ki-moon, durante uma cerimónia em Viena, Áustria.

“Os ensaios nucleares poluem as águas, provocam cancros e contaminam com partículas radioativas várias gerações”, referiu o secretário-geral das Nações Unidas, pedindo “o fim da loucura”.

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A par de Washington e Pequim, Egito, Irão e Israel também assinaram o tratado internacional, mas não ratificaram o documento.

Três outros países — Índia, Paquistão e Coreia do Norte — precisam ainda de assinar e de ratificar o texto.

Na década de 1990, o então Presidente norte-americano Bill Clinton, um dos promotores das negociações do tratado, viu o processo de ratificação bloqueado pelo Congresso norte-americano em 1999.

Dez anos depois, em 2009, Barack Obama colocou a ratificação do tratado como uma das prioridades da então nova administração norte-americana. Mas, a resistência do Congresso (atualmente dominado pelos republicanos) ao documento manteve-se ao longo dos últimos anos.

Os opositores da ratificação alegam que é impossível verificar que as outras partes respeitam os princípios do tratado, um argumento que, segundo especialistas, já não é válido.

De acordo com Daryl Kimball, da organização norte-americana Arms Control Association, a ONU estabeleceu uma sofisticada rede de sensores para detetar qualquer detonação suspeita.

Os Estados Unidos realizaram o seu último ensaio nuclear em 1992.

Desde 1998, ano em que a Índia e o Paquistão realizaram respetivamente dois ensaios nucleares, só a Coreia do Norte violou o tratado com o anúncio de quatro ensaios nucleares (2006, 2009, 2013 e 06 de janeiro deste ano).

Em termos totais, mais de 2.000 ensaios nucleares foram realizados desde 1945.