Maria Luís Albuquerque voltaria a aceitar o convite para trabalhar na empresa de gestão de dívida Arrow, apesar de toda a polémica que a sua contratação gerou. Em entrevista ao Diário de Notícias, reconhece que quem está na vida política tem de estar preparado para o impacto das decisões e sentir críticas, mas isso não significa que as ignore.

A ex-ministra das Finanças defende contudo que a discussão sobre a sua contratação e eventuais incompatibilidades “foi colocada em termos demagógicos e populistas, sem ter a preocupação de analisar exatamente o que estava em causa”. Defende ainda que a maneira como a questão foi colocada revela uma “enorme ignorância” sobre a empresa e a sua atividade (compra e gestão de carteira de dívidas) e a ideia de que teria sido tutelada por si enquanto ministra das Finanças.

A deputada do PSD lembrou que a expressão “em política o que parece é” foi proferida por Salazar, para logo acrescentar que não aprecia citações de Salazar. Justifica ainda a aceitação do convite da empresa inglesa (para administradora não executiva). “Gosto de novos desafios, gosto de ter sempre novas aprendizagens” e destaca a oportunidade de conhecer a realidade concreta do que é a governação num país como o Reino Unido.

Incontornável era a pergunta sobre as ambições da nova vice de Passos Coelho dentro do partido. Maria Luís Albuquerque questiona a classificação de passista convicta. “Se isso significa que tenho em grande conta as qualidades de Passos Coelho, enquanto líder do PSD, claramente subscrevo. Não sei se é isso que significa ser passista”.

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Questionada sobre se tem condições para ser candidata à liderança, diz que o tema não está em cima da mesa e assegura que não tem essa intenção. Mas deixa o recado:

“Relativamente a matérias dessa natureza não se deve dizer nunca. Depende muito das circunstâncias. Se me pergunta se tenho vontade ou se tenha essa intenção: não a tenho, mas estas matérias afirmações absolutas de nunca parece-me contraproducente”.

Maria Luís foi a ponta de lança do PSD no debate parlamentar sobre o PE (Programa de Estabilidade), um tema que conhece muito bem apesar de a sigla ter perdido o C de crescimento, no seu tempo chamava-se Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC). Diz que não consegue perceber como se pode atingir as metas do défice, este ano e em 2017. Descarta ainda a responsabilidade do “seu” Orçamento (2015) nos resultados da execução orçamental. “Houve um conjunto de medidas que acrescem à despesa, que foram decididas e que entraram em vigor logo no início do ano (…) há uma parte muito importante que já são decisões tomadas após a entrada em funções do atual governo”.