Escrever que a cerveja artesanal ferve, em Lisboa, nos tempos que correm podia ser mal interpretado. Porque, literalmente falando, ela não ferve, de facto: na maior parte dos casos sai das bicas ou das garrafas a temperaturas que permitem a sua correta apreciação. Felizmente. O que ferve, isso sim, é a respetiva cena, panorama, movida ou qualquer outra expressão — mais ou menos kitsch — que se lhe queira aplicar.
Ora veja-se: tão depressa surgem marcas novas, como a roqueira Musa, ou a bairrista D’Ourique, como a Oitava Colina decide homenagear mais uma vila operária da Graça. Tão depressa abre um tap room, como o da Dois Corvos e logo a seguir um brewpub, como o Duque — e há outro a caminho, o Chimera –, como a Zymology organiza mais um curso, um workshop ou, simplesmente, recheia os respetivos frigoríficos de rótulos apetecíveis. E isto sem mencionar, mas já mencionando, a quantidade assinalável de restaurantes e bares da cidade que têm vindo a apostar forte nas artesanais em detrimento (ou como complemento) das industriais.
O que falta, portanto? Talvez um festival de cerveja artesanal, que, no que ao evento diz respeito, seja mais festival e menos artesanal. Pois bem, se tudo correr como se promete, a partir de 6 de maio já não faltará. Isto porque depois de uma primeira edição algo tímida em 2015, o Pátio da Cerveja – Lisbon Beer Fest regressa em força entre a próxima sexta-feira e domingo (6 a 8 de maio). Detalhemos:
Onde vai acontecer?
Numa das salas da LX Factory (Rua Rodrigues de Faria, 103), a chamada Fábrica XL. A propósito, o festival insere-se na 16ª edição do Open Day do complexo, pelo que haverá enormes argumentos para arrastar toda e qualquer companhia, mesmo aquela que acha que IPA é diminutivo de Filipa e lúpulo soa a doença autoimune.
Quando vai acontecer?
De 6 a 8 de maio (da próxima sexta ao próximo domingo, portanto) nos seguintes horários: dia 6 das 17h às 02h, dia 7 das 12h às 02h e dia 8 das 12h às 21h.
O que vai acontecer?
Muita coisa. Para já, estarão distribuídos pela sala expositores de 24 cervejeiras artesanais portuguesas, de Norte a Sul, e 4 espanholas (em parceria com o Barcelona Beer Fest). Pode ver a lista completa aqui. Todas elas trarão consigo várias das cervejas que produzem. Ao todo, segundo a organização será possível provar mais de 100 variedades diferentes. Escrito isto, não faltarão motivos — e muito menos cervejas — para encher e esvaziar o copo da fotografia abaixo.
Além disto, acontecerão também workshops, sessões gratuitas de meet the brewer (conheça o cervejeiro) com os responsáveis da Oitava Colina, Mean Sardine e Letra, palestras (uma delas com Bruno Aquino, o homem que, neste artigo do Observador, ensinou a combinar comida tradicional e cerveja artesanal), uma prova comentada de cervejas escandinavas (com o mesmo Bruno Aquino e Rui Matias, da Cerveteca) e conversas abertas entre os participantes, onde, com sorte, se poderão aprender umas coisas. Para acompanhar as ocorrências cervejeiras haverá música e street food de géneros diversos, dos crepes ao pernil de porco, dos cachorros aos kebabs. O programa completo pode ser consultado aqui.
Quanto é que isto me vai custar?
A entrada do festival é gratuita, mas beber implica a aquisição do copo oficial do festival, que custa 3€. Os preços são estabelecidos por cada cervejeira, sendo que há um valor mínimo de 1€ para prova (10cl) e de 2€ para o copo cheio (25 cl). No sábado e no domingo há uma happy (half) hour entre as 14h30 e as 15h, em que as cervejas sairão mais baratas.