Mário Centeno defendeu que a subida do desemprego pode ser explicada pela aproximação de mão-de-obra ao mercado de trabalho em Portugal. “Nestes momentos de recuperação da população ativa, às vezes a taxa de desemprego pode subir duas décimas, pode estabilizar, pode cair duas décimas mas são sempre flutuações muito pequenas face aquilo que é a tendência longa dos agregados. Eu esperaria que a taxa do desemprego, passada esta fase de arranque em que as pessoas se aproximam do mercado de trabalho, volte a cair”, explicou.
Segundo dados hoje divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística, a taxa de desemprego subiu 0,2 pontos percentuais para 12,4% no primeiro trimestre deste ano face ao anterior, ficando 1,3 pontos percentuais abaixo do trimestre homólogo de 2015. Quanto à população ativa, o INE estimou que esta se fixou em 5 153,4 mil pessoas, ou seja, que diminuiu 0,8% em relação ao trimestre anterior (42,0 mil pessoas) e 0,7% em relação ao trimestre homólogo de 2015 (36,6 mil). Ou seja, a população ativa está a recuar e não a recuperar, como referiu o ministro.
Em declarações à agência Lusa, em Berlim, Mário Centeno afirmou que a evolução positiva da taxa de desemprego registada no final de 2015 deveu-se a um esvaziamento do mercado de trabalho, potenciado “pela saída de pessoas que não têm nem emprego, nem estão desempregadas”.
“O grande fluxo de emigração que se observou ao longo dos últimos quatro anos e meio justifica uma parte muito significativa da melhoria do desemprego e isso é um fenómeno que, quando se inverte, tende a criar mais dificuldades na queda taxa de desemprego”, referiu.
O arranque da economia em 2016 “vai levar o seu tempo”, afirmou Centeno, adiantando que há indicadores positivos que atestam algum crescimento: “o turismo e o setor dos serviços, que está em níveis de confiança máximos desde um período muito anterior à crise de 2008”.
O ministro das Finanças indicou que existem indicadores mais preocupantes como “a dificuldade em fazer crescer o investimento” mas, relativamente à taxa de desemprego, disse que a expetativa do executivo é que volte a cair a prazo.
De acordo com as estatísticas do emprego hoje divulgadas pelo INE, a população desempregada, estimada em 640,2 mil pessoas, aumentou 1,0% em relação ao trimestre anterior (mais 6,3 mil pessoas) e diminuiu 10,2% face ao primeiro trimestre de 2015 (menos 72,7 mil pessoas).
A taxa de desemprego tinha já subido de 11,9% no terceiro trimestre para 12,2% no último trimestre do ano passado.