O Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto, vai recriar a única exposição de Amadeo de Souza Cardoso, no Porto, que decorreu em 1916, a ser inaugurada no dia 01 de novembro, anunciou hoje o museu.

“As obras que Amadeo decidiu expor estão hoje dispersas por diversas coleções públicas e privadas. Reuni-las, procurando refazer os gestos e as opções do malogrado pintor [que morreria, inesperadamente, em 1918, com 30 anos de idade] é, em primeiro lugar, uma homenagem”, indica a descrição da exposição, que seguirá depois para o Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, em Lisboa, e que conta com curadoria de Raquel Henriques da Silva e de Marta Soares.

Das 114 obras expostas no Porto há 100 anos, vão estar “aproximadamente 70% das obras identificadas a partir dos catálogos originais”, para a exposição que fica na cidade até 01 de janeiro de 2017 antes de abrir, em Lisboa, a 12 desse mês.

“No dia 01 de novembro, vai [ser inaugurada] aqui no museu uma exposição que já estava programada e pensada antes da divulgação da exposição [de Amadeo] em França. Vai ser inaugurada uma exposição com um ciclo de conferências dedicadas a Amadeo, festejando o centenário da exposição na cidade do Porto, nos jardins de Passos Manuel”, disse à Lusa o presidente dos Amigos do Museu Nacional de Soares dos Reis, Álvaro Sequeira Pinto.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Como recorda o comunicado da exposição, a mostra de novembro de 1916, no Jardim Passos Manuel, “atingiu, em 12 dias, um número impressionante de visitantes [30.000, relatou Amadeo ao crítico americano Walter Pach] e agitou a cidade”, desencadeando, por vezes, reações agressivas e despertando a atenção da imprensa, enquanto, por outro lado, a exposição de dezembro de 1916, na Liga Naval Portuguesa, em Lisboa, “foi mais elitista e cativou, além da imprensa, o entusiasmo do grupo de ‘Orpheu'”.

Foi neste contexto que Almada Negreiros escreveu, num manifesto de apoio à mostra de 1916, que “a Descoberta do Caminho Marítimo p’rá Índia é menos importante do que a Exposição de Amadeo de Souza Cardoso na Liga Naval de Lisboa”.

“[Foi] uma exposição organizada, feita e realizada pelo próprio Amadeo, o próprio impresso – não se pode chamar catálogo – da exposição [foi] feito e impresso pelo Amadeo, ele empenha-se pessoalmente nesta exposição e através daqui chegamos a um ponto fundamental, que é o papel do Porto no modernismo no século XIX”, declarou Álvaro Sequeira Pinto à agência Lusa.

A exposição, nas duas cidades, vai procurar articular “a pintura com os espaços expositivos – o Jardim Passos Manuel, que foi demolido e deu lugar ao Coliseu do Porto, e a Liga Naval de Lisboa, palácio Calhariz-Palmela, no largo Calhariz, atualmente uma agência da Caixa Geral de Depósitos”.