O presidente do Banco Popular em Portugal começou logo por baixar as expectativas da comissão parlamentar de inquérito ao Banif. Na sua intervenção inicial, Carlos Álvares explicou logo que as aquisições são tratadas num departamento de desenvolvimento corporativo na casa-mãe em Madrid.

O responsável desvalorizou totalmente a participação do Popular em Portugal no processo que levou à apresentação de uma oferta de compra do Banif. Diz que a sua única intervenção foi a de fazer de “caixa de correio”. Recebeu proposta de compra no dia 16 de dezembro da parte do presidente executivo do grupo que se limitou a mandar entregar num envelope fechado no Ministério das Finanças.

Carlos Álvares, que substituiu Rui Semedo na presidência do Banco Popular português em 2015, assegura ainda que não viu a proposta, nem foi consultado pela casa-mãe sobre os contornos da oferta. Explicou ainda que a sua missão é o crescimento orgânico e que o crescimento por aquisições é decidido em Espanha. Admitiu contudo ter defendido junto do acionista que o banco devia aproveitar oportunidades de aquisições em Portugal. Mas a decisão de avançar para o Banif foi de Espanha.

Mesmo sem ter acompanhado o processo, Carlos Álvares admite em termos de opinião pessoal que o Popular não terá avançado com uma proposta já na fase de resolução do Banif porque é um banco “muito conservador” e gosta de realizar due-diligencies muito apertadas e com tempo de concretizar um negócio. Logo, a rapidez exigida no processo de resolução, a operação ficou fechada num fim de semana, terá arrefecido o apetite do banco espanhol que, segundo Ricardo Mourinho Félix, secretário de Estado do Tesouro, era até o mais interessado.

A audição do presidente do Banco Popular português, que respondeu várias vezes que desconhecia, foi a mais rápida da comissão de inquérito ao Banif. O PS nem chegou a fazer perguntas. O gestor indicou ainda dois responsáveis do departamento de desarollo corporativo do Popular em Espanha que estiveram envolvidos nas negociações, tendo demonstrado disponibilidade para fazer chegar as perguntas dos deputados.

O Banco Popular cresceu em Portugal por via da aquisição do BNC em 2003 a Américo Amorim que durante alguns anos foi acionista de referência do grupo espanhol.

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