Em 2013, um português e um austríaco decidiram lançar um negócio juntos. Hugo Oliveira e Stefan Koeppl tinham várias coisas que os ligavam: ambos tinham formação em gestão, queriam ter projetos próprios e, além disso, eram amigos. Um e outro partilhavam ainda dois desejos: criar uma alternativa ao aluguer de autocaravanas para férias e proporcionar a turistas umas férias diferentes, “mais independentes” e aventureiras.

Juntos, criaram a Indie Campers, uma empresa de aluguer online de veículos modernos, com design apelativo e “competitividade no preço”, que é atualmente uma das startups portuguesas com maior crescimento no setor turístico português — no último ano, a empresa faturou mais de 1,5 milhões de euros.

A ideia do projeto teve-a Hugo Oliveira, cofundador e atual líder da Indie Campers, depois de uma viagem à Austrália, “onde este tipo de negócio estava bastante desenvolvido”. Apresentou-a a Stefan Koeppl, que se tornaria seu sócio, e em fevereiro de 2013 criaram a empresa. No início, explica Hugo Oliveira ao Observador, dedicaram-se a duas coisas: à criação do site — o único canal de vendas da empresa — e à conceção do tipo de negócio, que queriam inovador.

Antigamente o que existia no mercado era autocaravanas grandes, com péssimo serviço de aluguer e preços muito altos. O que fizemos foi recriar o que se fazia lá fora, principalmente na Austrália e Nova Zelândia: diminuir o tamanho dos veículos, para serem mais fáceis de conduzir e terem consumo baixo, e fazer uma transformação smart — os interiores apenas têm o que é necessário para passar oito dias de férias, não três ou quatro meses, como as autocaravanas tradicionais. O design é completamente diferente e somos muito competitivos a nível de preço”, explica Hugo Oliveira ao Observador.

O site da Indie Campers permite fazer um cálculo do custo dos serviços da empresa. O aluguer de uma carrinha para férias custa 95 euros a 110 euros por dia, dependendo do tipo de veículo escolhido — há cinco modelos para escolha, com capacidade para até quatro pessoas. A este valor acresce uma taxa de 50 euros, que inclui alguns extras, como o serviço de recolha dos clientes no aeroporto, que existe porque “98 ou 99 por cento dos nossos clientes são estrangeiros”, explica Hugo Oliveira.

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Na origem da criação da empresa esteve sempre o potencial e a vontade de explorar o mercado estrangeiro, não só por uma questão de poder de compra, mas também por uma questão de hábito — os principais mercados emissores como a Alemanha, Reino Unido, Suíça e Holanda estão muito virados para este tipo de turismo. Também tem a ver com a aposta que nós fizemos em ter um posicionamento muito mais a nível internacional. A empresa será mais conhecida na Alemanha do que em Portugal”, acrescenta o responsável.

100 carrinhas, três países e a vontade de “alavancar” a empresa

Com o tempo, a empresa foi crescendo. Se, em 2013, a Indie Campers nasceu com uma equipa de apenas duas pessoas e três veículos para aluguer, no segundo ano a empresa chegou às seis carrinhas e teve, pela primeira vez, resultados positivos — já depois de ter recebido um financiamento “de um capital de risco”, do qual se consumou apenas uma tranche, “porque não houve necessidade” de receber as restantes e porque, “para o que a empresa queria, já eram valores irrelevantes”.

Em 2015, ano em que Stefan Koppl saiu da empresa — “seguiu a sua vida, casou e voltou para o país dele”, explica Hugo Oliveira —, a equipa aumentou para 20 pessoas. Foram contratados “designers [responsáveis pela decoração das carrinhas], programadores e uma equipa comercial de quatro, cinco pessoas, para dar ao cliente uma assistência completamente diferente daquela que o mercado tradicional oferece”.

Atualmente, a empresa — sediada, por agora, na Start Up Lisboa — opera em 13 cidades de três países, entregando as 100 carrinhas de que já dispõe em locais como Lisboa, Porto e Faro (Portugal), Barcelona, Málaga, Bilbao, Santander, Girona, Valência, Madrid, Sevilha e Alicante (Espanha) e Biarritz (França).

O crescimento, diz o diretor executivo da Indie Campers, é para continuar. Até 2017, a empresa conta empregar até 50 pessoas, consolidar-se e crescer nos mercados em que está presente — sobretudo o “espanhol e francês” — e entrar no mercado italiano. Para tal, revela Hugo Oliveira, existe a possibilidade da Indie Campers receber “uma nova entrada de capital”, que desta vez deverá ser “bastante relevante para permitir alavancar a empresa”.

Estamos neste momento em negociações com alguns players [intervenientes] nacionais e internacionais, que têm demonstrado bastante interesse e que gostam bastante do negócio, porque é escalável e replicável — os clientes no processo de internacionalização continuam a ser os mesmos, o canal de vendas é o mesmo, só é preciso escalar as operações para dar resposta ao aumento de procura que houver”, afirma Hugo Oliveira.

*Tive uma ideia! é uma rubrica do Observador destinada a novos negócios com ADN português.