A porta-voz do Bloco de Esquerda (BE) defendeu na sexta-feira a necessidade de o partido crescer politicamente para um “reforço do trabalho desenvolvido em prol da vida coletiva” e para “ter força para governar” o país.

“Queremos mais força à esquerda e queremos uma nova relação de forças, sem pôr em causa a relação que temos [com os parceiros de Governo], para um reforço do trabalho em prol da vida coletiva e para não ser só parceiro de Governo mas ter força para governar o país. É difícil? É. Mas, se fosse fácil, não estávamos aqui”, disse Catarina Martins em Torres Novas, no debate “Sexta D’ideias”, que hoje debateu o tema “O que quer o Bloco”.

Organizado pelo BE local, e perante cerca de uma centena de pessoas, Catarina Martins lembrou a troika e os quatro anos de “ataque enorme à dignidade” dos portugueses, em que “o país assistiu à destruição de emprego, ao aumento da pobreza, ao “racionar” do Serviço Nacional de Saúde, negando acessos a consultas”, e também na “educação, com menos professores e menos auxiliares”.

“Enquanto nos diziam que não havia dinheiro, continuavam as privatizações por “tuta e meia” e continuava-se a alimentar um sistema financeiro insaciável com milhares de milhões de euros e os portugueses sem capacidade de decidir porque Bruxelas já havia decidido tudo por nós”, criticou Catarina, tendo defendido o direito de “reivindicar saber e perguntar para onde está a ir o dinheiro”.

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A dirigente do BE defendeu que a construção do país “pode-se fazer de forma diferente” e foi clara na resposta ao ‘leit motiv’ da sessão:

“O que é que o Bloco de Esquerda quer? No próximo Orçamento de Estado recuperar pensões das pessoas, condições de investimento para criar emprego, queremos escolas públicas com mais meios, responder a quem mais precisa, combater a precariedade e o abuso do trabalho precário”, elencou a dirigente bloquista, tendo sublinhado ainda a necessidade de “recuperar os rendimentos do trabalho, proteger o Estado social e parar as privatizações”.

E defendeu o reforço do peso do partido que representa.

“Quem votou BE fez escolhas e recusou decisões tomadas à partida. Não tivemos votos para ser Governo mas os votos no BE forçaram a um novo compromisso e com mais gente a querer ter voz de futuro. O BE tem cultura de poder desde o primeiro momento porque não deixa de acreditar nem abdica do que defende e no que acredita”, afirmou.

Na sessão, Catarina Martins esteve acompanhada de Helena Pinto, ex-deputada eleita por Santarém e atual vereadora do BE na Câmara Municipal de Torres Novas.