A saída do Reino Unido da União Europeia ganhou no referendo que teve lugar esta quinta-feira, mas o Brexit está longe de servir todos os britânicos. Além de Escócia e Irlanda do Norte terem claramente votado a favor da permanência, também os mais jovens se sentem mal representados com esta decisão.
Absolutely brilliant poll on Brexit by @YouGov pic.twitter.com/EPevG1MOAW
— Tancredi Palmeri (@tancredipalmeri) June 23, 2016
Segundo o site de sondagens britânico YouGov, a grande maioria dos votantes até aos 24 anos queria permanecer na União Europeia. E mesmo a franja dos 25 aos 49 anos estava mais inclinada para o Bremain. Mas foi o Brexit, escolha principal dos mais velhos – muitos acima dos 65 anos -, que venceu. O que os mais jovens reclamam é que não serão os mais velhos a sofrer as principais consequências desta decisão (à partida) irrevogável.
Mais, os jovens com 16 e 17 anos que não puderam votar reclamam exatamente isso: que têm idade para que lhes exijam certas responsabilidades, mas não têm idade para decidir o que será o seu futuro.
#notmyvote I turn 18 in 9 months, but apparently 90 year olds were more qualified to decide my future.
— Lochlan????☠️???? (@give_emhellkid_) June 24, 2016
“Daqui a nove meses terei 18 anos, mas aparentemente pessoas com 90 anos estão mais qualificadas para decidir o meu futuro.”
https://twitter.com/stephgholmes/status/746364667627507712
“A idade de voto deveria ter sido reduzida para os 16 anos, é o NOSSO futuro que será mais afetado, por isso deem-NOS um voto justo.”
E esta tendência de voto, mais jovens a defenderem a permanência e mais velhos a defenderem a saída, mantém-se em todos os partidos, com exceção do Partido de Independência do Reino Unido (UKIP), como mostra o gráfico do Yougov.
Preference for Brexit linked to age, regardless of GE 2015 vote (UKIP the exception) https://t.co/3IpjvVuJx6 pic.twitter.com/ffTSBGOzlu
— YouGov (@YouGov) June 21, 2016
Por outro lado, quanto maior o nível de formação, menor a tendência para votar a favor da saída – mais uma vez com exceção do UKIP -, mostra o YouGov.
Support for remain linked to education level regardless of GE 2015 vote (UKIP the exception) https://t.co/3IpjvVuJx6 pic.twitter.com/Te4tNYx7oX
— YouGov (@YouGov) June 21, 2016
“Em meu nome não”
Nas redes sociais, em particular no Twitter, a reação dos mais jovens e de quem defendeu a permanência não se fez esperar com a hashtag #NotInMyName (“Em meu nome não”), mas também com #OneOfThe48 (“Um dos 48%”), #NotMyIndependenceDay (“Não é o meu dia da independência”) ou #NotMyvote (“Não é o meu voto”).
Wanted my kids to enjoy freedom and security and have a great future obviously others didn't #NotInMyName #EURefResults
— Sarah Wheatley (@theothermousie) June 24, 2016
“Queria que os meus filhos gozassem a liberdade e segurança e que tivessem um grande futuro. Obviamente que outros não.”
I have never been so ashamed of my country. This is going to be chaos. Angry, upset, and devastated #notinmyname #EUReferedum
— Elanor Kortland (@Elkie23) June 24, 2016
“Nunca tive tanta vergonha do meu país.” Uma declaração repetida por outros utilizadores do Twitter. “Isto vai ser um caos. Zangada, chateada e devastada.”
Dear Europe. I am so sorry. #NotInMyName
— Charlie Kemp (@charliemkemp) June 24, 2016
“Querida Europa. Lamento imenso.” Um pedido de desculpa feito também por outros utilizadores.
https://twitter.com/MrVikas/status/746208289881358338
“O mundo diz que o povo britânico falou, mas deixem-me ser claro, esta decisão é #NotInMyName [Não é em meu nome].”
You know how we read history textbooks and laugh at how stupid people were? That's gonna be our kids #NotInMyName
— qazi saab (@therealasliatta) June 24, 2016
“Sabem como lemos livros de história e nos rimos de quão estúpidas eram as pessoas? É o que vão fazer os nossos filhos.”
Dear @Nigel_Farage, I am "normal" and "decent" and "real" this is no victory for me. #NotInMyName
— Andrew (@ObvzItsAndrew) June 24, 2016
Em resposta a Nigel Farage, que disse o Brexit foi uma “vitória das pessoas reais, comuns e decentes”, @ObvItsAndrew responde que é normal, decente e real, mas que a vitória do Brexit não é para ele.
https://twitter.com/KCPlusTwo/status/746284217353539584
“O meu filho de oito anos percebeu a importância de ficar na União Europeia. Passei a manhã, antes da escola, a secar-lhe as lágrimas, enquanto lutava contra as minhas.”
https://twitter.com/AD7863/status/746250306242154497
Um comentário de um leitor no Financial Times, que lamenta que os jovens britânicos possam perder o direito de trabalhar nos restantes 27 países da União Europeia. Claro que isto depende do tipo de saída que o Reino Unido negoceie com a União Europeia. O jovem lamenta também a liberdade e as oportunidades que lhe foram roubadas.