Catarina Martins e Pedro Filipe Soares desta vez, ao contrário do que aconteceu há dois anos, aparecem unidos na fotografia. Assinam a mesma moção de orientação estratégica, com Catarina à cabeça, e dividem-se nos discursos. Ela enaltece os feitos, enumera as conquistas do Governo (com a contribuição do BE) e até, soando a governante, anuncia novas medidas que estão prestes a ser aprovadas no Parlamento. Ele olha mais além, diz que a “geringonça” valeu a pena e sublinha a ambição do partido de ser “a força mais forte do Governo de Portugal”, não obstante a contagem decrescente que diz que se ouve por aí para os dias do fim do Governo de esquerda.
Mas é também ao líder parlamentar que cabe a maior pressão a António Costa, com Pedro Filipe Soares a pedir diretamente ao primeiro-ministro que faça voz grossa no Conselho Europeu da próxima semana contra a aplicação de sanções a Portugal por causa do défice excessivo de 2015.
A um coube a intervenção inicial, que marcou a abertura dos trabalhos. Ao outro coube a primeira intervenção da tarde, para apresentar a moção A – “Força da esperança: o Bloco à conquista da maioria” -, moção que será votada amanhã e que tudo aponta que será aprovada por larga maioria.
Apesar da unidade em torno da atual direção, o dia não passou sem que subissem ao palco vozes críticas da estratégia do partido, por se se juntar ao PS para apoiar um Governo. Catarina Príncipe, primeira subscritora da Moção R, foi uma dessas vozes. Pediu clarificação sobre as autárquicas e deixou críticas ao partido: “Coragem não é isso [juntar-se ao PS], coragem é saber que a esquerda que resiste e aquela que se levanta depois de cada derrota mas não perde nunca os seus princípios orientadores”.
Francisco Louçã, Luís Fazenda, José Manuel Pureza, Mariana e Joana Mortágua ou Fernando Rosas foram alguns dos rostos que subiram ao palco para deixar os seus contributos. Miguel Urbán, dirigente espanhol do Podemos, foi dos mais aplaudidos. Recordamos na fotogaleria em cima os momentos-chave do primeiro dia de convenção do Bloco de Esquerda – que acaba duas horas mais cedo do que o previsto, por causa do futebol.