Carlos Cruz já saiu da prisão da Carregueira e está agora em liberdade condicional. O antigo apresentador de televisão estava preso desde 2013 e foi condenado a uma pena de seis anos no âmbito do processo Casa Pia. Saiu depois de cumpridos dois terços da pena.

“Quando se recorre, não se recorre em vão. A justiça falha muito mas às vezes procede acertadamente. Temos de lutar pelos nossos direitos e pela nossa razão, não podemos desistir. É mais uma etapa de uma longa maratona que vai continuar com o Tribunal Europeu, isto não para aqui. Vou continuar a suscitar a intervenção de todas as entidades nacionais e internacionais até reconheceram que sou inocente e que me condenaram mal”, afirmou o antigo apresentador à saída prisão.

Carlos Cruz mostrou que não tinha interesse nenhum em estabelecer contacto com as alegadas vítimas do processo:”Para quê? Dê-me uma razão para falar com eles. Não os conheço. Acusaram-me mal. Eles sabem que não me conhecem, nunca estive com eles em sítio nenhum.”

O antigo apresentador afirmou que tem vários convites de trabalho e que são relacionados com a comunicação, mas afirma que “não é fácil arranjar trabalho, há muito desemprego em Portugal”.

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Carlos Cruz sublinhou por fim que estaria pronto para enfrentar um novo julgamento : “Completamente. Pode começar amanhã. Não tenho dúvidas nenhumas, não tenho medo nenhum. Quando se tem razão e se está inocente, a força é enorme. Estive aqui mil seiscentos e tal dias e para mim pareceu um, porque acordava todos os dias inocente. Estou muito bem com a minha consciência”.

A defesa de Carlos Cruz recorreu para o Tribunal da Relação de Lisboa da decisão do Tribunal de Execução de Penas, que rejeitara um pedido do ex-apresentador para sair em liberdade condicional, apesar de já ter cumprido dois terços da pena de seis anos de prisão a que foi condenado, por crimes de abuso sexual a jovens da Casa Pia.

Ricardo Sá Fernandes disse “congratular-se” com a decisão da Relação de Lisboa, que “abre uma nova linha de jurisprudência”.

O advogado salientou que Carlos Cruz inicia agora “uma nova etapa”, mas que a “batalha” principal incide no recurso da defesa para o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH), onde irá, em breve, fazer as alegações.

“Esse é o grande objetivo”, salientou Ricardo Sá Fernandes, dizendo ser importante que Carlos Cruz possa continuar a lutar para provar a sua inocência em liberdade.

Carlos Cruz nunca admitiu a culpa, nem mostrou arrependimento, tendo sido esses os motivos que levaram o Tribunal de Execução de Penas a recusar-lhe a liberdade condicional, em março passado.

Texto atualizado às 18h30 com a saída de Carlos Cruz da prisão.