Em 2012, Francisca e Pedro sentiram que não tinham nada a perder. Pegaram numa folha de papel e num lápis e começaram a desenhar. Havia cores, havia formas e uma inspiração que foram buscar à paixão pela praia. Em julho desse ano, o desenho passou à realidade. Os dois correram para a areia e testaram a ideia. E a ideia resultou: Francisca e Pedro tinham acabado de criar a Origama Sun Seat, uma toalha de praia que é também uma cadeira, uma chaise longue e até um saco. Agora já era possível ler um livro ou apanhar um banho de sol de forma mais confortável.
Missão cumprida, admite Francisca Falcão, proprietária da empresa portuguesa, ao Observador. Havia uma longa caminhada pela frente, mas o mapa já estava desenhado: a Origama pretendia “criar uma marca forte com uma gama de produtos que satisfizesse totalmente a necessidade de quem utiliza os espaços ao ar livre”. Porque, para os amantes da praia, havia demasiados obstáculos para uma estadia confortável à beira-mar. “A maioria dos produtos para o ar livre não possuía características diferenciadoras, existia uma grande lacuna neste mercado no que toca a design e função”, explica-nos Francisca. Era impossível ler um livro, olhar para o mar ou conversar com alguém numa posição aconchegante. Era até difícil chegar ao areal, carregado de toalhas, almofadas, corta-ventos, cadeiras, malas. A Origama queria facilitar a vida dos veraneantes, juntando tudo isto num objeto só.
As novas apostas
Quatro anos passados desde a criação da toalha com estacas, a Origama chegou este ano com cinco novos produtos: a Sun Seat Strapsystem (que permite trocar as alças da toalha e personalizá-la), a Strap (o leque de novas alças com novos designs, desenvolvidos por Inês Silva, e que permitem criar uma toalha própria), a Flat Seat L (que reinventa os materiais de praia usados nos anos 70 e 80 e que dá aos objetos vintage uma lufada de ar fresco), a Flat Seat XL (ideal para as famílias ou grupos de amigos maiores que queiram partilhar a toalha, quem sabe para um jogo de cartas) e a Sun Lounger (ideal para a piscina).
Depois, há os clássicos Origama: a Sun Seat (que foi o primeiro passo da marca), a Dream Pillow (a almofada ideal para a praia), a Back Pocket (que substitui as pesadas malas de praia por uma bolsa para os objetos essenciais), a Fun Brella (um chapéu de praia também inspirado na moda vintage) e a Wind Banner (um corta-vento para os dias de praia mais agitados).
Não é uma toalha, é um estilo de vida
Com um leque de produtos mais alargado e em crescimento, a missão Origama também era outra: “Queremos que o nosso nome vá para além de uma marca e que se torne num estado de espírito” pautado pela alegria, por um estilo de vida saudável e pela proximidade com a natureza. Aí entram as estratégias de marketing de guerrilha. “Passamos a palavra através de mensagens com boas energias e de imagens fortes e vibrantes”, explica a designer, Inês Silva. Não foi fácil: no verão de há quatro anos, a palavra “crise” era a mais ouvida pelas ruas. Mas acabou por ser ela que inspirou os criadores de “uma ideia que gerou o produto, o produto que gerou a marca e a marca que criou o conceito” — não havia nada a perder. Mas a ganhar, talvez. “Uma das características que distinguem um empreendedor é não ter medo de arriscar”, desde que se esteja disposto a fazer apostas: nas altas produções, na criação de uma equipa especializada e no investimento em estratégias de comunicação.
Não se avizinhava uma tarefa simples: a Origama assumiu-se como marca de verão, por isso teria de viver com picos de vendas muito diferentes entre o tempo quente e invernoso. Mas havia uma carta na manga: a participação no Shark Tank, um programa de apoio a ideias inovadoras e negócios recém-nascidos. “Foi uma participação muito importante. Por um lado, por causa da visibilidade e da credibilidade que deu ao negócio, por outro por causa do apoio financeiro e organizacional que a nossa empresa precisava naquela fase”, conta Francisca Falcão ao Observador. Algo que foi conseguido também porque a criatividade lhes estava nos genes. “O povo português é assim, criativo. Existem muitas ideias a surgirem todos os dias, as pessoas vêm ter connosco para nos apresentarem sugestões ou para que as levemos aos tubarões.“nMas ter uma ideia não chega, garante Francisca. É preciso não temer o trabalho. E cita Thomas Edison: “A genialidade é um por cento inspiração e 99 por cento transpiração.”
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Durante a participação no Shark Tank, a Origama conquistou o investimento de Susana Sequeira e de Mário Ferreira.
As batalhas
E onde transpirou a equipa Origama? Na comunicação com os fornecedores. “Ou por não pedirmos as quantidades a que estão habituados ou por termos um aspeto jovem, muitas vezes não obtivemos a resposta que pretendíamos”. Mas o segredo está na persistência, no fulgor e na fé no projeto: “Temos que acreditar vivamente naquilo que queremos levar para a frente, para que os outros acreditem”, avança Francisca Falcão. É assim que se posiciona a Origama: uma empresa que pretende gerar riqueza para o país “através da criação de postos de trabalho e dinamização de pequenas indústrias locais e exportações”. Querem “afirmar Portugal” e levam a expressão muito a sério: todos os materiais e fases de produção são 100% nacionais. E isso inclui o produto, a embalagem e a etiqueta. Mais: todos os tecidos foram certificados pela Oeko Tex e podem ser usados pelas peles mais sensíveis, como a de um bebé. Depois, há a preocupação ambiental: as estacas de madeira são de pinho e são recicladas.
Onde comprar?
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Pode comprar os produtos Origama na loja online (http://www.origamaworld.com/), no stand do Centro Comercial Colombo (Rua do Oriente) ou na Praia do Castelo (Ocean’s Bar).
Não demorou até que tudo isso fosse possível: lançada ao público em 2013, um ano mais tarde as toalhas da Origama estavam a ganhar o Prémio de Produto do Ano. Se em 2012, e apenas através do Facebook, em menos de um mês a Origama conseguiu vender 350 unidades, em 2013 as vendas já tinham alcançado mais de cinco mil unidades. Em 2014 chegaram às 11 mil unidades e, em 2015, o valor já tinha triplicado. Números que fizeram a equipa sonhar mais alto: pretendem agora “ser um dos meios de aproximação do design à indústria têxtil portuguesa, que é uma das melhores do mundo”. Um ponto de referência? A indústria do calçado, também ela em franca expansão.
Mas nem só de números sobrevive a marca: “o objetivo é criar uma conexão entre o público e a marca, independentemente de serem ou não potenciais clientes. Todos são potenciais embaixadores” dos valores de partilha e felicidade da Origama. São, também, porque se apaixonam pelas mensagens positivas que lançam: no verão do ano passado, por exemplo, vários autocolantes da marca que apelavam à partilha de amor, de alegria ou de momentos de amizade, foram colados nas ruas e nos carros. A adesão foi notável: “A marca pretende contribuir para mais e melhores momentos de bem-estar e descontração”, garante Francisca Falcão. E isso é visível até nos escritórios: “Somos uma empresa de sete colaboradores e trabalhamos todos na mesma sala”, descreve Francisca. Reúnem todas as segundas-feiras para partilharem dificuldades e sucessos. E é assim que se vai criado uma empresa de sucesso com a bandeira lusitana em apenas quatro anos.
Nome: Origama
Data: 2012
Pontos de venda: Loja online, Centro Comercial Colombo e Praia do Castelo (Costa da Caparica).
Preços: De 24,90€ a 59,90€
100% português é uma rubrica dedicada a marcas nacionais que achamos que tem de conhecer.