Entre 1,1% e 14,4%. É este o intervalo que separa a Escola Superior de Enfermagem de Lisboa — a instituição de ensino superior com taxa de desemprego mais baixa — da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro — a instituição com a taxa de desemprego mais alta. De acordo com os dados recentemente divulgados pelo portal Infocursos, é na zona de Lisboa que os recém-licenciados contam com mais e melhores oportunidades de emprego.
Fazendo uma análise mais fina a esses mesmos dados, e deixando de fora das contas todos os cursos relativamente aos quais faltava informação, é possível verificar que, das 31 instituições públicas de Portugal continental, as três Escolas Superiores de Enfermagem, seguidas da Escola Superior Náutica Infante D. Henrique, e da Universidade Nova de Lisboa, são as instituições mais bem posicionadas em termos de taxa de desemprego, muito por conta, certamente, dos cursos que lecionam. E as vagas têm-se mantido estáveis nestas instituições.
Já no fundo da tabela, e excluindo a instituição com maior percentagem de desempregados que é a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (14,4%) e a Universidade do Minho (12,6%), a lista fica dominada, em exclusivo, por politécnicos, que por se encontrarem, muitos deles, no interior, estão estrategicamente colocados em zonas com menos oportunidades. O Instituto Politécnico de Lisboa, com uma taxa de desemprego de 5,2%, e o Instituto Politécnico de Setúbal (6,3%) são exceção a esta regra, pontuando melhor neste ranking do que muitas universidades.
E a questão é que depois tudo isto se torna uma grande bola de neve porque os alunos não se sentem atraídos a escolher uma instituição com uma baixa taxa de desemprego associada. E sem procura, não há margem para melhorar.
Já diz o ditado: “Sete cães a um osso”
Mas atenção, porque, do lado oposto, em algumas das instituições que garantem maior empregabilidade é difícil entrar, desde logo, pela elevada concorrência.
Olhando para os resultados da 1.ª fase de candidaturas do ano assado, verifica-se que as escolas de enfermagem ficaram logo lotadas naquela fase, e que muitos ficaram de fora, assim como o ISCTE (que apresenta uma taxa de 5,1% de desemprego e 1.102 vagas para o próximo ano). Em muitos destes casos a procura foi mesmo superior à oferta.
Nunca é demais lembrar que os dados sobre o desemprego apresentam problemas, pois nem todos os desempregados estão inscritos em centros de emprego e muitos podem estar a trabalhar em áreas que nada têm que ver com a licenciatura que tiraram. Contudo, são estes os únicos dados que existem e é a partir deles que as instituições se baseiam para decidir a abertura de mais ou menos vagas no ano seguinte.