O CDS pediu esta quarta-feira a demissão do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais por considerar “reprovável e grave” que tenha viajado a convite da Galp para assistir a jogos da seleção de futebol no Campeonato Europeu 2016. Telmo Correia, vice-presidente do Grupo Parlamentar do CDS, disse ao Observador que Rocha Andrade, ao assumir que vai devolver o dinheiro da viagem e dos bilhetes dos jogos do Euro à Galp, “está a admitir o erro”, mas “a consequência do erro não devia ser essa”, mas sim “pedir a demissão”. O deputado centrista diz que a manutenção de Rocha Andrade “representa uma fragilidade para ao próprio Governo”.
“Não é uma empresa qualquer”, afirma Telmo Correia. “Tem um conflito muito relevante com o Estado, o não cumprimento de uma obrigação, um imposto no valor de 100 milhões de euros. Isso não é irrelevante”, diz ao Observador.
A Sábado noticiou esta quarta-feira que o secretário de Estado Fernando Rocha Andrade viajou a convite da Galp para assistir a encontros da seleção portuguesa durante a fase de grupos do Europeu. “É um procedimento reprovável e não é de maneira nenhuma aceitável. A situação é reprovável e grave”, afirmou à agência Lusa Telmo Correia.
Para o CDS, o primeiro-ministro “deve esclarecer como como vê a permanência de um secretário de Estado nestas condições no Governo”.
O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais veio já dizer que pretende reembolsar a Galp da despesa da viagem para assistir a jogos da seleção no Campeonato da Europa, embora encare com normalidade ter aceitado o convite da empresa.
Numa nota enviada à Lusa pelo gabinete de imprensa do Ministério das Finanças, o secretário de Estado confirma que aceitou o convite feito pela Galp, “enquanto entidade patrocinadora da Seleção Nacional”, para assistir a dois jogos.
O governante sublinha que “considerou o convite natural, dentro da adequação social” e entende que “não existe conflito de interesses”.
“No entanto, para que não restem dúvidas sobre a independência do Governo e do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, o secretário de Estado contactou a Galp no sentido de reembolsar a empresa da despesa efetuada”, refere o Ministério das Finanças.