Dois participantes no Boom Festival morreram a caminho do Hospital de Castelo Branco, confirmou o Observador junto do comando distrital de Castelo Branco. Um terceiro está hospitalizado com sinais de estupefacientes no organismo.

Segundo a mesma fonte, as duas vítimas mortais são de nacionalidade inglesa e holandesa e de sexo masculino. O holandês de 43 anos encontrava-se no festival com o seu grupo de amigos quando se sentiu mal e se dirigiu ao hospital de campanha montado no recinto. O cidadão inglês (de origem chinesa), de cerca de 35 anos, fez o mesmo. Depois de avaliados pelos médicos no local foram encaminhados para o Hospital de Castelo Branco na mesma viatura de emergência médica. “A única relação entre os dois casos foi terem-se deslocado ao hospital ao mesmo tempo”, explicou o Tenente-coronel Miranda da GNR de Castelo Branco ao Observador.

Ainda não se sabe se as mortes foram provocadas pelo consumo de droga. O ferido hospitalizado é um rapaz “de vinte e poucos anos”, de nacionalidade portuguesa, e que foi descrito como uma “mula”, ou seja, transportava a droga no organismo.

“Mula” portuguesa pediu ajuda para retirar haxixe

O rapaz estaria no recinto do festival “há dois ou três dias, a tentar contactar com o destinatário final da droga“, adiantou o tenente-coronel. Sem conseguir estabelecer o contacto, o jovem preocupado com as 44 “bolotas” de haxixe que tinha no organismo deslocou-se ao hospital de campanha do Boom Festival que chamou as autoridades, explicou o oficial da GNR ao Observador.

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Em declarações à TVI, o major Patrício da GNR acrescentou que 18 destas bolotas foram detetadas ainda no hospital de campanha no recinto do festival e mais 26 terão sido removidas na unidade hospitalar de Castelo Branco. Esta situação, acrescentou, é tanto quanto se sabe inédita em festivais na região. O jovem está sob a alçada das autoridades policiais e permanece internado “em vigilância”, esclareceu o Tenente-coronel Miranda.

Os serviços do hospital foram contactados pelo Observador, que recusaram prestar qualquer informação. O Observador está a tentar contactar a organização do festival, mas ainda sem sucesso.

Segundo a RTP, a organização do Boom confirmou as duas mortes, mas afirma que é “prematuro e especulatório” avançar com a causa da morte e reforça que as duas pessoas foram “prontamente assistidas” pelas equipas médicas que estão presentes em permanência no recinto do festival, depois de terem entrado em paragem cardiorrespiratória ontem ao final da tarde. Não são conhecidas as causas de morte, é preciso esperar pelos resultados da autópsia médico-legal. Os resultados podem só ser conhecidos para a semana.

O delegado de saúde de Castelo Branco admite que as mortes podem estar relacionadas com o consumo excessivo de drogas ilícitas. Joaquim Serrasqueiro acrescenta que há uma unidade de monitorização da saúde pública no local onde se realiza o festival em Idanha-a-Nova que faz o controlo diário do que se passa no recinto.

As duas vítimas mortais faleceram quando estavam a chegar a Castelo Branco. Idanha-a-Nova fica a cerca de 40 quilómetros da capital de distrito e a viagem demora cerca de 40 minutos. Não há indicação de que exista uma ligação entre as duas mortes e a “mula” portuguesa que está a ser assistida no hospital.

O Boom Festival arrancou esta quinta-feira em Idanha-a-Nova e os seus participantes são sobretudo estrangeiros. O evento estava esgotado desde dezembro e os 33.333 bilhetes disponíveis foram vendidos em 34 dias.

O festival já lamentou o sucedido e a programação decorre como planeado. O Boom Festival tem segurança privada no recinto, mas há presença da GNR para fiscalização nos acessos ao evento.