Executivos seniores do Deutsche Bank e do Commerzbank têm vindo a conversar sobre uma potencial combinação das operações dos dois maiores bancos alemães, segundo informação avançada esta quarta-feira pela agência Reuters, que cita um fonte conhecedora do processo e a revista Manager Magazine.
No entanto, um eventual projeto de fusão deverá ficar em suspenso até que fiquem concluídos os processos de reestruturação nas duas instituições. O próprio presidente executivo do Deutsche Bank afasta, para já, a participação do banco num cenário de consolidação europeia.
Para além de serem os dois maiores bancos alemães, o Deutsche Bank e o Commerzbank têm estado no radar dos mercados e investidores devido ao enfraquecimento dos resultados num mercado europeu bancário fragmentado, pressionado por exigências regulatórias e pela trajetória descendente das taxas de juro. As duas instituições têm perdido lugares no ranking da banca europeia e no valor em bolsa. A soma das capitalizações bolsistas do Deutsche Bank e do Commerzbank é da ordem dos 26 mil milhões de euros, o que equivale a menos de metade do valor bolsista do rival francês BNP Paribas, segundo dados da Bloomberg.
O Deutsche Bank, que enfrentou perdas elevadas nos produtos derivados, teve uma nota modesta face aos seus competidores mais diretos nos resultados dos testes de stress europeus. O banco alemão chegou, mesmo, a ser sinalizado num relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) como um dos principais riscos à estabilidade financeira a nível global.
A noticia de que altos responsáveis do Deutsche Bank tinham equacionado uma fusão com o Commerzbank foi avançada pela revista alemã Manager Magazine. Segundo a agência Reuters, realizou-se uma ronda de discussões no final de agosto em que marcaram presença John Cryan, presidente executivo do Deutsche Bank, e Marcus Schenck, administrador financeiro, adianta a fonte citada pela Reuters. Esta informação não foi confirmada por fontes oficiais das duas instituições.
Outro sinal do interesse numa consolidação bancária foi a declaração do presidente executivo do Deutsche Bank. John Cryan defendeu, esta quarta-feira, a necessidade de fusões transfronteiriças na banca europeia, avisando que a fragmentação do setor é um dos fatores que está a espremer os lucros dos banco e a comprometer a sua sustentabilidade no longo prazo.
O gestor atacou o que classifica de dispersão regional dos bancos. “Precisamos de mais fusões, a nível nacional, mas também entre fronteiras nacionais”, afirmou John Cryan numa conferência financeira realizada em Frankfurt. No entanto, quando questionado sobre se o Deutsche Bank entraria num movimento de consolidações em larga escala, Cryan respondeu: “Não no curto prazo”.
O gestor alertou, ainda, para o impacto negativo das politicas dos bancos centrais nas taxas de juro, com consequências para o setor bancário.
“É inegável que os bancos europeus estão presos num dilema fundamental. Tornámo-nos significativamente mais seguros desde a crise financeira. Temos mais capital e mais liquidez com menos risco nos nossos balanços. No entanto, somos, de longe, menos lucrativos hoje”.
Corrigida a referência aos resultados dos testes de stress obtidos pelo Deutsche Bank.