O presidente executivo do Grupo Lena, Joaquim Paulo da Conceição, terá confessado aos investigadores da Operação Marquês que o grupo de Leiria pagou comissões a José Sócrates para chegar a novos mercados e terá entregue novas provas ao procurador Rosário Teixeira de que houve contratos fictícios entre o Grupo Lena e Carlos Santos Silva para facilitar esses pagamentos dirigidos ao ex-primeiro-ministro, escreve esta sexta-feira o Correio da Manhã.

No depoimento prestado no dia 29 de junho, na qual terá entrado como arguido e saído como testemunha por decisão do procurador Rosário Teixeira, o líder do Grupo Lena terá afirmado que tudo começou em 2006, um ano depois de o PS de Sócrates chegar ao poder, quando os responsáveis daquele grupo de construção civil “desenvolveram contactos, através de Carlos Santos Silva, de forma a procurar obter o apoio do poder político“, terá admitido Joaquim Paulo da Conceição. “O apoio fazia-se através de José Sócrates e eram realizados pagamentos para este último”, terá acrescentado o gestor ao procurador Rosário Teixeira, de acordo com o Correio da Manhã.

O depoimento de Joaquim Paulo Conceição ganha assim uma importância fundamental para o sucesso da Operação Marquês já que, segundo a notícia do Correio da Manhã, reforçará as principais suspeitas do Ministério Público.

Além de admitir os subornos, Joaquim Paulo da Conceição terá reconhecido que o vice-presidente do grupo, Joaquim Barroca, arguido na Operação Marquês pelos crimes de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais, conhecia o esquema e abriu uma conta na Suíça com o objetivo de passar o dinheiro a José Sócrates. Esta é uma das suspeitas mais antigas do MP, como pode verificar aqui, e que levou mesmo à detenção de Barroca em 2015.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O presidente executivo do Grupo Lena terá ainda reconhecido a existência de um negócio simulado em Angola entre Hélder Bataglia, constituído arguido em Luanda em abril, e o Grupo Lena. Trata-se de indícios descobertos no início deste ano e que reforçam a suspeita de que Carlos Santos Silva terá recebido fundos do Grupo Espírito Santo que se destinariam a José Sócrates. Por conta desse negócio imobiliário, Santos Silva terá recebido 3 milhões de euros, como pode verificar aqui.

Hélder Bataglia diz que emprestou dinheiro a primo de Sócrates

O jornal Público recupera na sua edição desta sexta-feira o interrogatório a que Hélder Bataglia foi sujeito em Luanda em abril, a pedido das autoridades portuguesas, e que já tinha sido revelado pela revista Sábado. Bataglia terá explicado que os 7 milhões de euros que fez chegar a José Paulo Bernardo Pinto de Sousa, primo de José Sócrates, eram um empréstimo e que nada têm a ver com o Grupo Espírito Santo.

Recorde-se que o MP tem a suspeita de que José Paulo Pinto de Sousa, tal como Carlos Santos Silva, serão testas-de-ferro de José Sócrates, tendo as suas contas bancárias sido utilizadas como veículos de passagem de fundos que se destinava ao ex-primeiro-ministro.

Nesse interrogatório, que durou mais de oito horas, Bataglia reconheceu que conhecia pessoalmente o antigo primeiro-ministro, mas que não esteve com ele “mais do que meia dúzia de vezes ou pouco mais”.