Pedro Sánchez perdeu terreno na afirmação de uma alternativa ao nível nacional (no contexto do impasse político que dura há quase um ano em Espanha), tendo o PSOE sido o partido que mais votos perdeu nas eleições regionais que se realizaram neste domingo. No PP emergiu também um protagonista para a frante do partido — e até já se fala nele para a sucessão de Rajoy: Alberto Núñez Feijóo.
Galiza e País Basco elegeram os respetivos parlamentos regionais e o resultado em ambos os palcos foi mau para os socialistas. Na Galiza, o PSOE foi ultrapassado pela coligação En Marea que agrupa, entre outros, os partidos de esquerda Podemos e Esquerda Unida. E, no País Basco, o PSOE foi mesmo a força política que mais caiu, ficando atrás do Podemos. A direção socialista vai reunir-se já na segunda-feira para analisar o resultado:
Mañana se reúne la Comisión Ejecutiva del PSOE y profundizaremos en el análisis de los resultados @cesarluena
— PSOE (@PSOE) September 25, 2016
Mas vamos por partes e com números:
Na Galiza, O Partido Popular (PP, direita) ganhou as legislativas regionais com maioria absoluta, mantendo 41 deputados em 75, e garantindo para Alberto Núñez Feijóo a continuação à frente da Xunta (governo regional). A Galiza é a única Comunidade Autónoma espanhola governada por um partido com maioria absoluta e não necessita de se coligar. E, com o resultado deste domingo, Feijó torna-se no mais provável sucessor de Maria Rajoy à frente do PP num futuro próximo, de acordo com o que é avançado pela imprensa espanhola.
Com 98,6 % dos votos escrutinados, a formação En Marea (coligação que agrupa, entre outros, os partidos de esquerda Podemos e Esquerda Unida) conseguiu ultrapassar o Partido Socialista da Galiza (PSOE) em número de votantes, tendo, no entanto, ambas as forças políticas ficado com 16 representantes na assembleia regional.
O Bloco Nacionalista Galego baixou de nove para seis deputados regionais e o partido de centro-direita Ciudadanos não conseguiu, mais uma vez, eleger qualquer representante.
A Galiza está situada no noroeste da península Ibérica, a norte de Portugal e tem cerca de 2,7 milhões de habitantes e um território que corresponde a cerca de um terço do de Portugal.
No País Basco, venceu o Partido Nacionalista Basco (PNV), com maioria relativa, mantendo-se à frente do governo da região espanhola mas necessitando do apoio de outra força política.
O PNV (conservador e nacionalista moderado) conseguiu aumentar de 27 para 29 deputados a sua representação no parlamento regional com 75 assentos.
Os independentistas do EH Bildu (Euskal Herria Bildu – coligação de vários partidos regionais de esquerda) ficaram em segundo lugar com 17 deputados, menos cinco do que nas eleições regionais anteriores em 2012.
Na terceira posição ficou o Podemos (radicais de esquerda) que, com 11 lugares, entra no parlamento regional pela primeira vez, depois de ter sido o partido mais votado na região nas eleições nacionais de 26 junho último.
Já o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) foi a força política mais penalizada nesta Comunidade Autónoma, tendo baixado de 16 para nove o número de representantes no parlamento regional. O Partido Popular (PP, direita) também obtém nove deputados, menos um do que nas eleições anteriores.
A Comunidade Autónoma do País Basco é uma das 17 comunidades em que a Espanha está dividida e está situada no nordeste do país. Esta comunidade faz parte da região historicamente denominada País Basco, que inclui outra comunidade autónoma em Espanha, Navarra, e a região adjacente em França, que os nacionalistas bascos consideram como território cultural e linguístico do povo basco.
Así quedan los resultados del #25S en Galicia y País Vasco https://t.co/1tm8gd6gG0 pic.twitter.com/8GggJ62C1o
— EL PAÍS (@el_pais) September 25, 2016
Numa altura em que Espanha vive uma crise política intensa, o fraco resultado do PSOE, que diminui a sua influência nestas duas regiões, enfraquece as possibilidades de sucesso da tentativa que o partido vai fazer nos próximos dias para encontrar uma candidatura alternativa ao Governo espanhol que desbloqueie o atual impasse político em Madrid.
Se a situação não for desbloqueada até 31 de outubro próximo, o rei Felipe VI terá de dissolver o parlamento nacional e convocar novas eleições.
No PSOE, quem falou nesta noite eleitoral foi o número dois, César Luena que, numa declaração sem direito a perguntas, disse que os socialistas vão analisar os resultados: “No PSOE não estamos satisfeitos, os resultados não são positivos para o PSOE”.
No estamos satisfechos con estos resultados. Agradecemos el esfuerzo a voluntarios, interventores, apoderad@s y a l@s votantes @cesarluena
— PSOE (@PSOE) September 25, 2016
Artigo atualizado às 22h30 com o votos apurados e com as declarações do números dois do PSOE