É certo e sabido que a imortalidade é o derradeiro e inalcançável desejo da humanidade, mas será que há um limite para a idade máxima que um ser humano pode atingir? Um estudo publicado esta quarta-feira na revista Nature, que analisou dados demográficos de 40 países, incluindo de Portugal, garante que será praticamente impossível ultrapassar o recorde atual, fixado pela francesa Jeanne Calmen, que viveu até aos 122 anos.
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A pessoa mais velha alguma vez registada foi a francesa Jeanne Calmen, que morreu em 1997 com 122 anos. Os investigadores estimam que será extremamente difícil bater este recorde, mas colocam o “limite matemático” nos 125 anos. Ainda assim, a equipa fixa o limite médio da vida humana nos 115 anos, a idade média de morte dos supercentenários.
De acordo com o modelo matemático criado por um grupo de investigadores da faculdade de Medicina Albert Einstein, da universidade nova-iorquina Yeshiva, a probabilidade de um supercentenário atingir os 125 anos é de apenas um em cada 10 mil. Se a própria condição de supercentenário — aqueles que ultrapassam os 110 anos — já é extremamente rara (Portugal teve menos de vinte no último século), esta previsão arrasa quase todas as possibilidades de alguém chegar aos 125 anos.
Jan Vijg, um dos investigadores envolvidos no estudo, explica ao El Español que, após a análise dos dados, a equipa fixou “o limite superior da vida humana em 115 anos“. Trata-se da média aritmética das idades de todos os supercentenários registados, e baseia-se numa das principais conclusões da investigação: o número de pessoas que ultrapassam os 110 anos é cada vez maior. No entanto, a idade máxima atingida não parece aumentar; pelo contrário, até tem vindo a diminuir gradualmente. “Os supercentenários têm falecido por volta dos 115 anos, e prevemos que isso não vai mudar num futuro próximo“, explica à AFP outro dos autores do estudo, Brando Milholland.
A conclusão vai “contra o previamente sugerido, que a longevidade humana se pode estender bem além dos limites observados até hoje”, sublinham os cientistas, acrescentando: “Os nossos dados sugerem de maneira sólida que a esperança de vida está limitada“.
Os investigadores não descartam, ainda assim, a hipótese de um ser humano ultrapassar até o limite matemático dos 125 anos. Para isso, seriam necessárias, contudo, “intervenções além da melhoria da saúde“, explica Jan Vijg. Intervenção essas que “estão atualmente a ser investigadas”, não existindo “razão científica para antecipar que esses estudos não tenham sucesso”, lê-se no trabalho.