Às 23h59 desta sexta-feira as luzes falharam no primeiro dia da 47.ª edição da ModaLisboa. O Pátio da Galé apagou-se para lançar o primeiro perfume masculino da apresentadora Cristina Ferreira num desfile surpresa, mas só depois de Ricardo Preto regressar em dose dupla. Com todos os holofotes a que tem direito, o criador português voltou a integrar o calendário oficial da Lisbon Fashion Week com dois desfiles individuais (de homem e mulher) depois de falhar a edição passada, “por condições contratuais com a rede de lojas de departamento Rustan’s,” como disse nos bastidores ao Observador.

Na apresentação masculina para a próxima estação primavera/verão 2017, que decorreu esta sexta-feira pelas 23h00, desfilou um homem urbano que veste peças confortáveis em tons de azul, verde, preto e branco. “A coleção que estou a apresentar na ModaLisboa é Ricardo Preto para a Rustan’s”, explica em entrevista. “Há cerca de um ano fui convidado para integrar a cadeia como designer sénior e aceitei o convite.” Um novo rumo para a marca de autor que o levou a desenhar roupa mais funcional, acessórios práticos e sapatos versáteis — peças produzidas da Europa diretamente para o mercado asiático.

É uma sensação muito boa ver a nossa roupa a ser produzida em quantidades de toneladas e encontrar várias pessoas vestidas na rua com Ricardo Preto”, conta o designer antes do desfile de homem.

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O homem urbano de Ricardo Preto só tem peças básicas no armário em tons de branco, bege, verde e azul. (foto: Rui Vasco/ModaLisboa)

A coleção de mulher será apresentada no próximo domingo, pelas 12h30, no showroom Maserati. Uma viagem de volta às suas três primeiras edições da ModaLisboa onde apresentou propostas para ambos os sexos. “Deixei de fazer homem porque exigia uma logística diferente mas hoje já não faz sentido apresentar duas coleções juntas porque Ricardo Preto é homem, mulher e acessórios.” Em breve será, também, um perfume e — espera o criador — uma marca com um ponto de venda em Portugal.

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Um sonho ainda longínquo para os concorrentes Sangue Novo a quem coube a inauguração da passerelle mais importante da capital. Onze jovens designers apresentaram, pela primeira vez, as suas coleções e trouxeram uma lufada de ar fresco à ModaLisboa com propostas desportivas, oversized e até polémicas. Carolina Manchado deu o pontapé de saída com coordenados femininos mas foi Micaela Sapinho que gritou “free the nipple” a sete pulmões. Não faltaram estampados de mamilos e cartazes com frases feministas como “women up” e “my body, my choice” para fazer as delícias dos convidados presentes, de smartphone em punho.

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Com representações não censuradas do corpo feminino, Micaela Sapinho apresentou estampados provocadores com mamilos e frases feministas. (foto: Rui Vasco/Observador)

No fim, o prémio de melhor coleção foi atribuído a João Barriga. “Inspirei-me em marcas de streetwear como a Vetements e escolhi silhuetas largas em tons de preto”, conta ao Observador. O vencedor, atento às tendências internacionais, apresentou bombers insuflados (e camisolas oversized) e ganhou um workshop de oito semanas em Milão com uma bolsa de estudo de 5.000€.

Já na plataforma LAB, dedicada às micromarcas, Catarina Oliveira seguiu a tendência sportswear e desenhou — pela primeira vez — roupa feminina ao lado de coordenados masculinos em tons de azul elétrico, branco e preto. Já João Magalhães, o criador da Morecco, celebrou os 25 anos da ModaLisboa com cortes fluidos, malhas desconstruídas e drapeados inspirados no mar.

Em fotogaleria reunimos os looks que se destacaram no arranque da ModaLisboa, que decorre até domingo no Pátio da Galé e no número 31 da Praça do Município.