Tem 160 páginas, começou a ser escrito na prisão, o título (“O dom profano – Considerações sobre o carisma”) faz lembrar um novo trabalho académico mas desta vez é apenas um ensaio sobre o carisma na política. É esse o tema do segundo livro de José Sócrates que será apresentado no dia 28 de outubro no Auditório I da FIL – Centro de Exposições e Congressos de Lisboa. Um dia antes será colocado à venda nas livrarias.

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A capa do novo livro de José Sócrates

De acordo com a nota de imprensa da Sextante Editora, a obra de Sócrates “percorre a história do carisma, primeiro na teologia de S. Paulo, onde nasceu como conceito religioso, até à sua transformação em categoria da sociologia política na obra de Max Weber”. De acordo com o próprio autor, a razão do livro reside na desconfiança deste sociólogo alemão sobre o “poder dos aparelhos burocráticos e a aversão ao regime de funcionários. A atual crise europeia levou-me a regressar a Weber e a este tema, cem anos depois”, afirma Sócrates, citado pela sua editora.

Por outro lado, a obra insere-se numa “discussão sobre liderança”. Segundo Sócrates, “pensava-se que podíamos aperfeiçoar as democracias pondo de lado, com vantagem, a dimensão pessoal da política e substituindo-a pela discussão sobre ideias e programas. Qualquer valorização das questões da liderança ecoava como suspeita perante as regras da democracia. O fantasma dos totalitarismos carismáticos deixou uma longa herança”, lê-se na nota de imprensa.

Recorde-se que, de acordo com o semanário Sol e a revista Visão, a investigação da Operação Marquês suspeita que José Sócrates terá alegadamente pago cerca de 100 mil a um professor da Faculdade de Direito de Lisboa (Domingos Farinho) para escrever o seu primeiro livro (“A Confiança no Mundo) e esta obra que é agora divulgada pela Sextante Editora. Farinho nega as alegações do Ministério Público.

De acordo com a nota introdutória da obra a que a TVI 24 teve acesso, José Sócrates diz que, nas “suas linhas gerais, este livro foi esboçado na prisão e, depois, desenvolvido com troca de impressões, sugestões de leituras e observações de muitos amigos com quem partilho afinidades eletivas na política”.

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