Estão ainda em aberto todas as opções no caso do desaparecimento durante mais de 24 horas de uma criança de dois anos, em Ourém, informou o diretor da Polícia Judiciária de Leiria, António Sintra. Em conferência de imprensa, o responsável da PJ admitiu que ainda se está a investigar “se o desaparecimento teve origem em situação criminosa”, ou se a situação não passou de um desaparecimento acidental.
Já o pediatra Bilhota Xavier, do hospital de Leiria, disse que a criança se encontrava sobretudo “cheia de fome”, e que o “primeiro medicamento que foi dado foi comida”, e confirmou que “não apresentava sinais de ter sido vítima de maus tratos”.
O diretor da PJ sublinhou ainda que não há “evidências de que a criança tenha passado a noite inteira naquele local” — uma zona florestal a cerca de dois quilómetros da residência da família –, já que Martim foi encontrado “sem sinais de padecer de alguma lesão”, e mesmo sem sinais de hipotermia, apesar de ter chovido bastante durante a noite.
Há ainda a possibilidade de a criança ter sido “colocada naquele cenário uma hora, duas horas, três horas, dez horas antes”, explicou, em conferência de imprensa, António Sintra.
Zona em que Martim foi encontrado não tinha sido batida na segunda-feira
O pai de Martim, que reside em França, será interrogado ainda esta terça-feira pela PJ, à semelhança do que aconteceu já com a mãe e outros familiares próximos da criança. A investigação continua agora, “no sentido de procurar determinar as situações que levaram ao desaparecimento da criança”.
A PJ informou ainda que a zona em que a criança foi encontrada sozinha só foi alvo de buscas na manhã desta terça-feira, visto que na segunda-feira “a zona batida foi num perímetro mais próximo da habitação”. Tendo em conta “a mobilidade da criança”, as autoridades optaram “por alargar a área de busca”.
“Neste momento está a ser feita uma avaliação clínica do estado da criança”, sublinhou o diretor da PJ de Leiria, acrescentando que uma equipa da Judiciária está a acompanhar as perícias. “As hipóteses continuam todas em aberto, exceto a localização da criança”, insiste.
Médico não encontrou “sinais de maus tratos”
O pediatra Bilhota Xavier, diretor do serviço de pediatria do Hospital de Leiria, sublinhou aos jornalistas que Martim iria “ficar em observação por algumas horas por precaução”. Questionado sobre se a criança apresentava sinais de maus tratos, o pediatra garantiu que não, e que “o primeiro medicamento que demos foi comida”, já que Martim se encontrava “sem ferimentos, só esfomeado”.
“Da área médica ficaremos por aqui”, afirmou o pediatra, sublinhando que esta é “uma telenovela com final feliz”. A criança teve alta do hospital por volta das 16h30.
Martim desapareceu da casa dos avós por volta das 9h de segunda-feira, e passou mais de 24 horas desaparecido. A criança vivia sob custódia da mãe, Sandrina Silva, que obteve a guarda de Martim na última sexta-feira. O pai, Marco, não terá ficado satisfeito com os termos do acordo, e uma das hipóteses avançadas pelos círculos mais próximos da família foi a de rapto parental. Contactado pelas autoridades, o pai negou conhecer as circunstâncias do desaparecimento.