A nova Feira Popular vai nascer a cinco quilómetros do seu lugar de origem, em Carnide e a autarquia promete que não serão só os futuros visitantes a beneficiar do que o parque de diversões vai oferecer. Aos vizinhos, Fernando Medina acena com janelas duplas e portas isolantes, para combater o ruído que virá de lá.
Quem poderá beneficiar destes melhoramentos nas suas casas são os moradores do bairro Padre Cruz e desde que habitem nos prédios junto ao terreno de 20 hectares onde a feira será construída.
No entanto a autarquia esclareceu ao Diário de Notícias que apenas se procederá à instalação de bloqueadores de ruído se efetivamente o barulho da “zona de adrenalina” do parque for excessivamente elevado.
Está também incluído no projeto uma sobreelevação na parte exterior do terreno. Quer isto dizer que o projeto conta com a plantação de árvores altas em colina para poder quebrar o ruído que a feira possa gerar. Além disso, a zona mais barulhenta, que contará com diversões como carrosséis e montanhas russas, irá ficar na zona mais afastada das residências.
A feira vai dividir-se em três zonas: aquele em que estarão os carrosséis e que já foi batizada com o nome de “zona de adrenalina “; uma zona mais familiar e ainda outra onde se concentrarão os restaurantes. Um dos principais destaques do novo parque de diversões é o facto ser maioritariamente constituído por espaços verdes. De acordo com a autarquia pretende-se que este seja um “parque verde de fruição de todos e das famílias”.
Nem tudo é bom
Apesar de o “reerguer” da tradicional feira popular lisboeta ser algo esperado há muito, existem pormenores que podem ser pedra no sapato para a autarquia de Lisboa. Um deles é existirem hortas comunitárias nos 20 hectares que vão ser palco da feira. Apesar de a população local estar contente com a nova atração, dizem não querem perder os terrenos das hortas, pelo menos até terem outra zona para poderem plantar os seus legumes.
Medina já prometeu que, entre março e abril do próximo ano, as hortas vão ser movidas para outros terrenos, mas Rosa Borges, de 69 anos, que trabalha uma das pequenas hortas do bairro Padre Cruz, afirma que não deixará de trabalhar o seu pequeno pedaço de terra “até irmos para outro lugar”.
Além disso, a Associação Portuguesa de Empresas de Diversão, que agendou para o mês de novembro vários protestos, em defesa da “sustentabilidade da atividade”, anunciou que irá estar presente no arranque das obras.
Com os protestos anunciados, a Associação Portuguesa de Empresas de Diversão (APED) pretende mostrar que “está em causa a atividade dos carrosséis itinerantes”. De acordo com o presidente da APED, Luís Paulo Fernandes, há “três ou quatro anos” que estes empresários têm vindo a ser pacientes, com os governantes a pedirem confiança e dando como justificação para os atrasos na regulamentação do setor “primeiro a ‘troika’ e depois os governos instáveis”.
Desde 2013 que estes empresários reivindicam a aplicação da resolução 80/2013, aprovada por todos os partidos políticos no parlamento e publicada em Diário da República. O documento “recomenda ao Governo o estudo e a tomada de medidas específicas de apoio à sustentabilidade e valorização da atividade das empresas itinerantes de diversão”.
A cerimónia de inauguração que marca o inicio das obras da nova Feira Popular está marcada para esta quinta-feira, às 10h30 junto à saída do Metropolitano da Pontinha, freguesia de Carnide. O anfitrião será o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, que anunciou já que as obras vão ter uma duração de aproximadamente um ano.
Obras começam com demolições das construções existentes na zona
Falando na semana passada no debate anual sobre o estado da cidade, promovido pela Assembleia Municipal de Lisboa, Fernando Medina anunciou que as obras de construção da Feira Popular iriam iniciar-se “através das demolições das construções que ali se encontram”.
Numa resposta escrita enviada à agência Lusa, o município precisa que em causa estão cinco construções, “uma antiga carpintaria e anexos”, e adianta que estes trabalhos de demolição “deverão decorrer durante cerca de um mês”. Segue-se a “remoção dos escombros e, posteriormente, a limpeza do terreno”, para na fase seguinte se realizar “a construção das acessibilidades e estacionamento”.
Questionada sobre eventuais implicações no trânsito, a autarquia explica que “pontualmente haverá necessidade de desvios e condicionamentos necessários aos trabalhos de construção das acessibilidades e estacionamento”, mas garante que, nesta fase inicial, isso não se coloca.
A Feira Popular de Lisboa foi criada em 1943 para financiar férias de crianças carenciadas e, mais tarde, passou a financiar toda a ação social da fundação O Século. Antes de Entrecampos, onde fechou em 2003, a feira funcionou em Palhavã. No final do ano passado, mais de 12 anos depois do encerramento, a autarquia anunciou que a Feira Popular iria voltar, inserida num parque urbano de 20 hectares em Carnide.