Na manhã seguinte às eleições americanas, o primeiro-ministro foi até ao Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia apresentar o balanço semestral do Plano Nacional de Reformas, mas a leitura do seu discurso também se fez com o que passara no outro lado do Atlântico em mente. Até porque António Costa admitia que se pode “ficar triste com as notícias do dia a dia, que também as há”, ainda que aquilo que queria apontar fossem sobretudo as “boas notícias” que identifica nos últimos dias para Portugal: “A construção do país não se faz das boas e das más notícias de cada um dos dias”. O horizonte é de longo-prazo, pois o objetivo do Plano é trabalhar com vista a “10, 15 ou 20 anos”.

A sessão era para apresentar os resultados que o ministro do Planeamento e das Infraestruturas tinha resumido momentos antes: “Temos já em curso ou foram iniciadas 85% das medidas do programa e 9% estão completamente implementadas“, garantiu Pedro Marques. “Apenas 6% das medidas, e todas elas para 2017 e anos seguintes, não estão ainda iniciadas”.

O auto-elogio mais a fundo ficou para António Costa que logo de seguida repetiu cada um dos seis pilares em que assenta o seu Plano Nacional de Reformas (qualificações, inovação, modernização, valorização do território, capitalização de empresas, erradicação da pobreza e redução das desigualdades) para dizer que eles “têm de agir em conjunto” e que é através dele que o Governo está “hoje a trabalhar para resolver os problemas que teremos daqui a 10, 15 ou 20 anos”.

O chefe do Executivo garantiu ainda que o Orçamento do Estado que está no Parlamento “procura traduzir o cumprimento destes objetivos”: “Pilar a pilar, o Orçamento vai conseguindo, de forma coerente e consequente, a estratégia integrada para o país”. Na plateia estavam muito membros do Governo, como o ministro do Trabalho, o ministro das Agricultura, o ministro da Economia ou o ministro da Educação. O novo presidente do Conselho Económico e Social, Correia de Campos, também passou pela sessão que Costa quer fazer com uma periodicidade semestral para apresentar resultados deste Plano de médio prazo.

Este Plano tem de ser o coração e a alma daquilo que é a nossa ação governativa”, disse o primeiro-ministro.

Mas as “boas notícias” de que Costa queria falar ali não se resumiam ao Plano Nacional de Reformas. A primeira boa notícia: o primeiro-ministro a sublinhar a declaração do comissário europeu Pierre Moscovici sobre o Orçamento português. A segunda: A recomendação de terça-feira do Parlamento Europeu relativa à suspensão de fundos comunitários a Portugal. Isto, além de uma indicação que já trazia no bolso — e que viria a ser confirmada no decorrer da sessão — a terceira novidade: a “boa notícia de se confirmar a tendência de queda do desemprego”. O pior era a ressaca da noite anterior, que Costa não referiu durante o discurso (onde contrapôs as “boas notícias” às “más notícias que há no dia a dia”), mas que não conseguiu evitar já mesmo no fim das respostas aos jornalistas, à porta do MAAT. “São três boas notícias em três dias”. E uma má notícia [Donald Trump]? “Não foi de dia foi de noite…”

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