“Não, não vou receber o salário.” Em entrevista ao programa “60 Minutes” da CBS, Donald Trump reiterou uma promessa feita em setembro, durante a campanha eleitoral: não aceitará o ordenado presidencial de 400 mil dólares/ano — na altura referiu-se ao ordenado como “not a big deal”. No entanto, e como a lei norte-americana obriga a que o cargo na Casa Branca (ou qualquer outro emprego) seja remunerado, Trump receberá o mínimo legal: um dólar.

Mas Donald Trump não será o primeiro dos inquilinos da Casa Branca a abdicar do ordenado. Antes dele, também Herbert Hoover (1929-1933) e John F. Kennedy (1961-1963) o fizeram, doando os respetivos ordenados à caridade. Deixando a Casa Branca de parte, mas continuando na política norte-americana, o antigo mayor de Nova Iorque, Michael Bloomberg, o ex-governador da Califórnia (Arnold Schwarzenegger) e o homólogo do Massachusetts (Mitt Romney) também abdicaram dos seus ordenados na política.

Mas falemos de líderes políticos pelo mundo. O primeiro-ministro canadiano Justin Trudeau recebe 249 mil dólares por ano. A chancellor alemã Angela Merkel recebe 242 mil dólares e Theresa May, primeira-ministra britânica, 186 mil dólares anualmente. O presidente francês Francois Hollande recebe 198 mil dólares. No caso de Hollande é importante dizer-se que, desde que assumiu o cargo, em 2011, este teve um corte de 30 por cento no ordenado.

Curiosamente, e não sendo o primeiro, quem popularizou o conceito de “dollar-a-year men” foi Steve Jobs, fundador da Apple. Quando este regressou à empresa, em 1997, abdicou do seu salário de CEO. O mesmo acontece hoje em Silicon Valley com o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg. E o mesmo aconteceu durante muito tempo com os fundadores da Google, Sergey Brin e Larry Page. Todos eles se assumiam como os empregados “pior remunerados” das próprias empresas. O que é diferente de dizer que não recebiam nada. Sim, recebiam. Sobretudo pela participação que detêm nas empresas e pelos prémios que recebem com base nos desempenhos de CEO.

Trump, com ou sem ordenado na Casa Branca, não terá propriamente um mandato de empobrecimento. É verdade que durante a campanha, e apesar da polémica em torno disso, acabou por nunca divulgar a sua declaração de impostos. Mas também é verdade que a revista Forbes estima a sua fortuna pessoal em (bem) mais do que um dólar por ano: 3.7 mil milhões de dólares, para ser preciso.

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