Se não os podes vencer, junta-te a eles. A máxima parece estar a ser levada à letra pelos congressistas democratas norte-americanos que estarão a planear alinhar a sua agenda com muitas das propostas de Donald Trump, presidente eleito depois de vencer Hillary Clinton, e assim tentar isolar os congressistas republicanos.
Se há coisa que as recentes eleições presidenciais nos Estados Unidos deixaram evidente foi que Donald Trump esteve longe de ser um candidato consensual no seu partido, mas que o seu estilo atraiu muitos norte-americanos em idade legal para votar.
Os congressistas democratas, em reorganização desde a inesperada derrota de Hillary Clinton e de ficarem em minoria no Senado e na Câmara dos Representantes, parecem estar agora a testar uma nova estratégia que, segundo o New York Times e o Wall Street Journal, passa por alinhar a sua agenda com a do presidente Donald Trump em temas como o investimento em infraestruturas, no desmantelamento de alguns acordos comerciais, na licença de maternidade paga e em deduções fiscais por filho.
O alinhamento está longe de ser uma questão de convicções, dizem os dois jornais, que avançam que os democratas pretendem com isto forçar os republicanos, com maioria nas duas câmaras do Congresso, a tomar uma posição: ou alinham com o presidente eleito que concorreu pelos republicanos, e que muitos deles rejeitaram, e rejeitam os princípios do comércio livre e da responsabilidade orçamental, ou arriscam um conflito com um presidente que não se coibiu no passado de ataques ao partido e dizer que castiga os seus inimigos, dando aos democratas o voto das classes mais baixas.
Os democratas querem recuperar o voto da classe trabalhadora branca e com menores rendimentos, um eleitorado tradicionalmente democrata e que Donald Trump reclamou para si nestas eleições. Isso vê-se já no discurso usado por alguns democratas, que usam frases típicas da linguagem usada por Trump durante a campanha– muito criticada pelos democratas – como que “o sistema está viciado”.
A equipa de transição de Donald Trump estará recetiva a esta postura dos democratas e já tem várias reuniões marcadas com os líderes democratas no Congresso, reuniões essas que vão ser lideradas pelo vice-presidente eleito, Mike Pence.