O Conselho do BCE decidiu prolongar o programa de estímulos monetários até dezembro de 2017 (o final anterior era março) mas o ritmo de compras de mensais desce de 80 mil milhões para 60 mil milhões. A decisão foi anunciada esta quinta-feira, dia em que o Banco Central Europeu (BCE) também manteve as taxas de juro inalteradas em mínimos históricos.

A decisão de prolongar os estímulos no tempo (nove meses, neste caso), acompanhada de uma redução das compras mensais, era um dos cenários admitidos pelos analistas. Por um lado, a decisão significa que no total o BCE acabará por injetar mais liquidez nos mercados do que se o programa terminasse em março mas, por outro lado, a redução do ritmo poderá causar algum desconforto nos mercados, já que havia analistas que apontavam para um prolongamento dos estímulos ao mesmo ritmo de antes, ainda que alguns admitissem apenas uma extensão por seis meses (e não nove, como se verificou).

A redução do ritmo mensal de compras pode ser uma consequência do facto de o BCE estar a atingir os limites auto-impostos no que diz respeito à quantidade de dívida que o Eurosistema pode comprar em cada país. Um programa mais prolongado a um ritmo menor ajuda a manter margem de manobra em relação a esses limites.

O BCE tem procurado passar uma mensagem de que o importante é o stock de compras (isto é, o montante total de injeção de liquidez que existe) e não, tanto, no fluxo, isto é, quão rapidamente as compras são feitas. E, aí, o programa acaba de ser aumentado em 540 mil milhões de euros em compras de dívida pública e privada. Em contraste, uma das hipóteses mais fortes antes desta decisão, aos olhos dos analistas, era uma extensão por seis meses e a manutenção do nível de 80 mil milhões por mês. O que resultaria num aumento de 480 mil milhões em compras adicionais, ou seja, um pouco menos.

Ainda assim, a decisão de reduzir o fluxo mensal está a causar uma subida das taxas de juro em países como Itália e Portugal. A taxa de Portugal a 10 anos está a subir 8 pontos-base para 3,59% (cotação pelas 13h15).

Mario Draghi começa a falar às 13h30, na habitual conferência de imprensa após a reunião do Conselho do BCE. O presidente do BCE irá falar sobre os estímulos monetários mas, também, é certo que haverá questões dos jornalistas sobre a situação em Itália e a recapitalização do Monte Paschi e de outros bancos mais frágeis em Itália.

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