“Era como se estivéssemos juntos numa banda de garagem que, de alguma forma, ficou enorme. Não tínhamos a menor ideia do impacto que [a saga] Star Wars teria no mundo.” É assim que começa o tributo que Mark Hamill fez a Carrie Fisher, que faleceu a 27 de dezembro na sequência de um ataque cardíaco. A carta aberta foi publicada no site The Hollywood Reporter no início do ano e é assinada pelo ator.

Na carta, Hamill escreve que Carrie Fisher foi “a última peça do puzzle”, uma vez que o ator já tinha viajado para a África do Sul — para fazer as filmagens no deserto do primeiro filme — e já tinha conhecido Harrison Ford quando se encontrou, pela primeira vez e em Londres, com Fisher. A jovem atriz ficaria para a história do cinema como a eterna princesa Leia, a irmã de Luke Skywalker, personagem essa desempenhada por Hamill.

À data, Fisher tinha apenas 19 anos, Hamill 24. Mas a diferença de idades esbateu-se num ápice:

Pensei ‘Oh meu Deus, vai ser como trabalhar com uma miúda do secundário’. Mas eu fiquei perplexo. Ela era tão instantaneamente intrigante e divertida e franca. Ela tinha uma maneira de ser tão brutalmente sincera. Eu tinha acabado de a conhecer, mas [falar com ela] era como falar com uma pessoa que conhecia há 10 anos”.

Hamill conta como Fisher partilhou, num instante, detalhes da sua vida privada: sobre o padrasto, mas também o pai e a mãe (Eddie Fisher e Debbie Reynolds, que faleceu um dia depois da filha). “Ela sugava-nos para o mundo dela.”

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“Ela estava tão empenhada em ser feliz e em divertir-se, a abraçar a vida”, escreve Hamill, afirmando ainda que fazia “coisas loucas” no set dos filmes para divertimento da colega. “Fazê-la rir era sempre digno de uma medalha de honra”, diz, chegando a partilhar um episódio caricato da relação de ambos, ao contar que Fisher fê-lo vestir o macacão da princesa Leia.

O que eu fazia para a ouvir rir — não havia limites. Eu adorava-a e adorava fazê-la rir.

Hamill agradece o facto de a dupla ter permanecido amiga muito depois dos filmes que lançaram ator e atriz para o estrelato. E tal como uma relação “normal e completa”, conta que havia alturas de grande união e momentos de zanga, em que chegavam a não falar durante longos períodos de tempo.

“Ela era uma mão cheia de trabalho, mas a minha vida teria sido muito mais aborrecida e menos interessante se ela não tivesse sido a amiga que foi.”