O fundo Lone Star é o candidato mais bem posicionado para comprar o Novo Banco, de acordo com o Banco de Portugal, e vai passar à fase seguinte de negociação, a derradeira no atual processo de alienação da instituição que resultou da resolução do Banco Espírito Santo. Nesta segunda tentativa de venda, os investidores da Apollo/Centerbridge não estão afastados, mas só terão hipóteses de vir a tomar conta do Novo Banco no caso de as negociações com o Lone Star fracassarem.

O principal candidato é considerado pelo Banco de Portugal como o que melhor serve o objetivo de estabilidade do sistema financeiro, num processo em que o Governo terá a palavra decisiva. Mário Centeno referiu, em entrevista ao Diário de Notícias e à TSF, admitir, no limite, a nacionalização do Novo Banco se as alternativas não forem ao encontro das pretensões do Executivo, em que se inclui a recusa da prestação de garantias do Estado. O Lone Star propõe-se injetar dinheiro no banco, mas adianta um esquema de proteção de ativos que envolve dinheiro dos contribuintes.

“Com base nos elementos disponíveis nesta data”, afirma-se num comunicado do Banco de Portugal, “o potencial investidor Lone Star é a entidade mais bem colocada para finalizar com sucesso o processo negocial tendente à aquisição das ações do Novo Banco e decidiu convidá-lo para um aprofundamento das negociações”. O supervisor liderado por Carlos Costa acrescenta que a “estabilidade do sistema financeiro e o reforço da confiança no futuro do Novo Banco são objetivos do processo de venda que o Banco de Portugal está a conduzir” e conclui que “no momento atual da negociação, a proposta do potencial investidor Lone Star é a que mais assegura estes objetivos”.

Nem tudo é qualificado como positivo pelo banco central. A proposta do Lone Star “apresenta condicionantes, nomeadamente um potencial impacto nas contas públicas, que se procurarão minimizar ou remover no aprofundamento das negociações que agora se inicia”. Por este motivo, o processo “não exclui a melhoria das propostas dos restantes potenciais investidores que entregaram propostas” e que “já mostraram disponibilidade para o fazer”, diz o comunicado.

A proposta da Lone Star visa a compra de 100% do Novo Banco por 750 milhões de euros, mas o plano admite a injeção de mais 750 milhões na instituição. O fundo admite criar uma entidade paralela, um side bank, para parquear ativos de má qualidade, pormenor da proposta que pode criar obstáculos por prever o envolvimento do Estado na partilha de responsabilidades decorrentes de perdas potenciais.

O Lone Star Funds é um private equity, ou seja, é um fundo não cotado em bolsa que investe os recursos em empresas onde identifica potencial de valorização. Em junho de 2015, o fundo geria ativos no valor total de 59 mil milhões de dólares, sobretudo nos EUA e no Canadá mas em vários países, mas também realizou investimentos em Portugal, onde já foi dono de três centros comerciais, além de deter a concessão da marina de Vilamoura, no Algarve.

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