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Líder do UKIP falha assalto eleitoral ao parlamento britânico

Este artigo tem mais de 5 anos

Paul Nuttall queria chegar ao Parlamento britânico através de umas eleições locais em Stoke-on-Trent, a "capital do Brexit". Resultados das eleições intercalares foram um pouco diferentes do esperado.

Paul Nuttal é o líder do Partido da Independência do Reino Unido (UKIP).
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Paul Nuttal é o líder do Partido da Independência do Reino Unido (UKIP).

Paul Nuttal é o líder do Partido da Independência do Reino Unido (UKIP).

O líder do Partido da Independência do Reino Unido (UKIP), Paul Nuttall, foi derrotado pelo candidato do Partido Trabalhista nas eleições intercalares de Stoke-on-Trent, no Reino Unido. Nuttall jogava a sua entrada no Parlamento britânico ao apresentar-se como candidato nas eleições locais, mas Gareth Snell conseguiu segurar o lugar historicamente conquistado pelos trabalhistas naquela localidade, com uma vantagem de cerca de 262o votos sobre o adversário.

A renúncia de Tristam Hunt — que em 2015 desafiou, sem sucesso, Ed Miliband nas eleições para a liderança do Partido Trabalhista e que agora vai liderar o Museu Victoria e Albert –, a 13 de janeiro, deu lugar a uma eleição que tinha tudo para ser uma rotineira escolha local para substituir o lugar deixado vago pelo deputado no Palácio de Westminster. Mas que acabou por revelar-se uma batalha para travar a ascensão do UKIP.

Paul Nuttall, natural de Bootle, uma localidade a uns 100 quilómetros a norte de Stoke-on-Trent, lançou-se como candidato do seu partido. E fazia-o naquela que foi batizada de capital do Brexit, tal foi a vitória que o “sim” à saída do Reino Unido da União Europeia obteve no referendo do ano passado. De resto, a oportunidade podia sair duplamente benéfica a Nuttall: conquistava um lugar no Parlamento britânico, com o palco mediático que essa vitória lhe traria, e dava uma nova força ao UKIP, a dois anos das próximas eleições gerais no país (que se vão disputar já num cenário de concretização do Brexit, a vitória maior do partido nas suas duas décadas e meia de existência).

Mas o plano falhou. Nuttall conquistou 5.233 votos, um pouco abaixo do candidato local do Partido Trabalhista Gareth Snell, com 7.853 votos. A campanha de Nuttaal, escreve o Telegraph, ressentiu-se de alguns tropeções. Por exemplo, quando foi forçado a admitir que — ao contrário do que sugerira anteriormente — não perdeu qualquer amigo no chamado desastre de Hillsborough (naquele que foi um dos mais dramáticos acontecimentos na história do futebol e que resultou na morte por esmagamento de 96 adeptos do Liverpool, num jogo da Taça de Inglaterra).

No campo formal, o líder do UKIP também teve de reconhecer que nunca viveu a tempo inteiro na localidade em que se apresentava a votos, Stroke Central, cerca de 270 quilómetros a noroeste de Londres. Na verdade, na única noite que passou na sua alegada residência a tempo inteiro, Nuttall dormiu num colchão colocado de propósito para esse efeito numa das divisões. O resto da casa estava totalmente despida de mobiliário.

“Dentro da casa vazia de Paul Nuttall em Stoke, que ele garante ser a sua “casa” e que surge na sua ficha de candidatura como tal”, escreveu no Twitter o jornalista Michael Crick, por baixo de uma foto que revela o interior do espaço. A polícia de Staffordshire abriu mesmo uma investigação à eventual fraude eleitoral, ainda por concluir.

Nessa altura, a influência do UKIP tinha-se multiplicado por cinco no espaço de cinco anos. Se em 2010 aquela força política tinha conseguido 4,3% dos votos, em 2015 esse resultado fixou-se nos 22,7%. E, depois, a campanha de Snell também não passou sem episódios.

O candidato trabalhista teve de pedir desculpa à sua mulher, à avó e à filha depois de terem sido recuperados tweets seus, de há alguns anos, em que se referia às mulheres como “um pedaço polido de esterco“. E esse não foi o único comentário comprometedor.

Snell também teceu comentários ofensivos a comentadoras políticas de uma estação de televisão e mandou “passear” uma das concorrentes da versão britânica de “O Aprendiz” (o programa em que, originalmente, Donald Trump despedia os pretendentes a um lugar na sua empresa).

Pedi desculpa à minha mulher, à minha avó e à minha filha porque essas não gostaria que elas tivessem de ser confrontadas com essas palavras”, justificou-se o trabalhista.

A vitória de Gareth Snell mantém intacto um resultado histórico que transformou a localidade de Stoke (com uma população de 469 mil habitantes) um pequeno bastião do Partido Trabalhista (PT). Desde 1950 que os eleitores optam pela mesma força política.

O PT até caiu 2% no resultado final, quando comparado com as eleições de 2015, mas Jeremy Corbyn respirou de alívio. O líder do partido conseguiu segurar a ameaça do UKIP, ainda que Nuttall, acabado de derrotar, avise: “Não vamos a lado nenhum, eu não vou a lado nenhum”.

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