Zeinal Bava e Henrique Granadeiro foram, esta sexta-feira, constituídos arguidos na Operação Marquês. Segundo a Procuradoria-Geral da República são ambos suspeitos de corrupção passiva, fraude fiscal e branqueamento de capitais. Mas os antigos gestores da Portugal Telecom (PT) estão envolvidos em mais processos, todos eles relacionados com a derrocada do Grupo Espírito Santo (GES).
Os processos da Pharol
Em outubro de 2015, a Pharol (o novo nome da ex-PT, SGPS) interpôs uma ação no Tribunal do Comércio de Lisboa contra os antigos administradores Henrique Granadeiro, ex-chairman e ex-presidente executivo da PT; Luís Pacheco de Melo, ex-diretor financeiro da PT; e Amílcar Morais Pires, ex-administrador executivo da PT e ex-administrador financeiro do BES. Em causa está o investimento de 897 milhões de euros em papel comercial da RioForte. A Pharol pede ainda uma indemnização que pode ultrapassar os mil milhões de euros.
Investimentos da PT no GES não respeitam “bons costumes de um diligente bom chefe de família”
Meses mais tarde, mais concretamente em janeiro de 2016, foi a vez da empresa processar Zeinal Bava. Uma nova ação de responsabilidade civil, no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, que visa o ex-presidente executivo da PT e novamente Granadeiro e Pacheco de Melo. Em causa estão aplicações financeiras feitas, em 2010, pela empresa após a venda da Vivo, operadora brasileira, à espanhola Telefónica por cerca de 7,5 mil milhões de euros. Uma ação que levou ao aumento da exposição aos instrumentos de dívida do GES e que prejudicou a PT em pelo menos 54,9 milhões de euros.
Caso BES/GES. A “sã consciência do eng. Zeinal Bava” e a descoberta da verdade
O processo da CMVM
Em julho de 2016, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) acusou a administração da PT de ter agido com dolo ao enganar o mercado com informação que “não era verdadeira, não era completa, não era clara e não era lícita”. O regulador alega que as contas da PT, de 2012 a parte de 2014, não refletiram os investimentos feitos pela empresa em títulos de dívida da Espírito Santo International (ESI) — um das holdings de controlo do GES. Granadeiro foi acusado de três ilícitos contra-ordenacionais muito graves, Bava de dois, enquanto a Pacheco de Melo e Morais Pires são-lhes apontados cinco violações muito graves. As multas que os antigos gestores podem vir a pagar vão de 25 mil euros a cinco milhões de euros.
O processo dos acionistas da PT
Em julho de 2014, os acionistas minoritários da PT, representados pela Associação de Investidores e Analistas Técnicos do Mercado de Capitais (ATM), apresentaram duas ações contra a comissão executiva da empresa — o que perfaz um total de cinco casos contra os ex-administradores da PT.
No caso das duas ações judiciais da ATM, os visados são Henrique Granadeiro e os ex-vogais executivos Luís Pacheco de Melo, Alfredo Baptista, Carlos Duarte, Manuel Rosa da Silva, Pedro Leitão e Shakhaf Wine. A primeira ação, que deu entrada no Tribunal de Comércio de Lisboa, está ligada à aplicação dos 900 milhões de euros em papel comercial da Rioforte. A segunda, no Tribunal Cível, tem como objetivo apurar a “responsabilidade civil” dos vários membros da comissão executiva da PT nesta ação.