O ministro do Ensino Superior avisou esta segunda-feira que é preciso “dar a volta às praxes” tornando a “integração dos estudantes” nas universidades em momentos de “mais cultura e ciência”, defendendo que essa é a “verdadeiramente a tradição académica”.
Em Braga, na Universidade do Minho para a apresentação do estudo “A praxe como Fenómeno Social”, Manuel Heitor garantiu trabalho no sentido de combater a humilhação como “tradição académica”. O titular da pasta da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior mostrou ainda preocupação com o financiamento de bebidas alcoólicas a algumas atividades estudantis.
“Temos que dar a volta às praxes, e garantir um processo positivo de integração dos estudantes”, disse.
“O que o estudo mostra é que as praxes estão enraizadas e, por isso, temos que valorizar as práticas e as boas práticas de integração com mais cultura, com mais ciência por isso é verdadeiramente a tradição académica”, explanou. Manuel Heitor, que deixou como garantia que irá trabalhar “para que a humilhação não seja uma tradição académica”, deixou ainda uma outra preocupação: “O que me preocupa é o financiamento da indústria de bebidas alcoólicas a algumas dessas praxes “, disse, lembrando que o financiamento público a associações académicas “está totalmente regulado”.
De acordo com o estudo “A praxe como Fenómeno Social”, divulgado hoje, a maioria das associações académicas concorda com a existência de praxes e opõe-se a uma proibição da prática. A mesma investigação aponta que o Governo deve garantir o acompanhamento jurídico e a isenção de custas judiciais de todos os estudantes que pretendam recorrer à justiça para denunciar situações passiveis de serem consideradas crime e que seja criada uma linha gratuita e permanente de apoio às vítimas.
Os investigadores consideram também que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior deve elaborar um relatório anual nacional, com base em dados recolhidos pelas instituições, para uma comparação de informação sobre a situação da praxe académica em Portugal. Neste relatório nacional, o Ministério apontaria os casos mais graves, elencando novas sugestões de intervenção e temas emergentes.
O estudo foi promovido pela Direção Geral do Ensino Superior e elaborado por uma equipa conjunta de investigadores do Centro de Investigação e Estudos Sociais do ISCTE-IUL (CIES), do Instituto de Sociologia da Universidade do Porto (ISUP) e do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES), sob coordenação de João Teixeira Lopes (ISUP) e João Sebastião (CIES).