Svetlana Alexievich, Nobel da Literatura 2015, não participará no Festival Literário da Madeira. A escritora bielorrussa tentava chegar à Madeira desde sábado, mas as condições atmosféricas adversas impediram sempre a aterragem do avião em que seguia, acabando por regressar a Lisboa, onde fez escala antes de partir.
Svetlana Alexievich era a convidada da sessão de abertura, que foi assim adiada para esta quarta-feira, e que terá agora os escritores angolanos Ondjaki e Pepetela. Com moderaçao do jornalista Fernando Alves, os dois vão conversar a partir de uma citação do autor de Yaka: “Queremos transformar o mundo e somos incapazes de nos transformar a nós próprios”.
O resto da programação mantém-se, pelo que Pepetela e Ondjaki voltam a encontrar-se na quinta-feira, desta vez com o jornalista João Céu e Silva, para discutirem a partir de uma frase do escritor seiscentista John Milton, autor de Paraíso Perdido: “A solidão é por vezes a melhor sociedade”.
Livros, internet e medo em debate durante toda a semana na Madeira
Na quinta-feira destacam-se ainda os dois encontros de Valter Hugo Mãe, Prémio José Saramago, com Marcelino Freire, Prémio Machado de Assis, do Brasil.
Os poetas Pedro Mexia e Daniel Jonas, Grande Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes da Associação Portuguesa de Escritores, conversam na sexta-feira, a partir da ideia de que “ser deixado sozinho é a coisa mais preciosa que se pode pedir do mundo moderno”, uma frase do britânico Anthony Burgess, autor de Laranja Mecânica.
O encerramento do festival, no sábado, conta com o escritor norte-americano Adam Johnson, numa conversa com o jornalista e escritor português Miguel Sousa Tavares, moderada pelo jornalista Paulo Moura. Adam Johnson venceu o Prémio Pulitzer de Ficção, em 2013, pelo romance The Orphan Master’s Son.
Antes, no último dia de encontros, há mais duas sessões com escritores. A primeira reúne Frederico Lourenço, Prémio Pessoa 2016, ao sociólogo Viriato Soromenho-Marques, numa conversa a partir de um versículo das epístolas de São Paulo aos Coríntios, “tudo me é permitido, mas não me deixarei ser controlado por nada”. A segunda junta a escritora irlandesa Eimear McBride, prémio Goldsmith 2016, autora de Uma Rapariga é uma Coisa Inacabada, a Tatiana Salem Levy, nascida em Lisboa, que escreveu A Chave de Casa e o Paraíso, para conversarem a partir da certeza do escritor de origem argentina Julio Cortázar de que “a linguagem é uma das prisões mais terríveis e está sempre à nossa espera”.
Organizado pela Eventos Culturais do Atlântico, o Festival Literário da Madeira é este ano dedicado ao tema “Literatura e a Web – entre o medo e a liberdade”, tendo como palco o Teatro Municipal Baltazar Dias, no Funchal.