A polícia federal do Brasil realiza esta sexta-feira uma grande operação contra a venda ilegal de carne para desarticular uma organização criminosa formada por grandes empresas do ramo alimentar que supostamente pagavam luvas para fiscais federais libertarem produtos sem verificação.

Entre as empresas envolvidas no caso estão a BRF e a JBS, duas companhias do Brasil que atuam no mercado global, disse o delegado federal Maurício Moscardi Grillo. O portal de notícias G1 cita escutas policiais para informar que as empresas envolvidas chegaram até a alterar produtos para vender carne estragada do Brasil para o exterior.

Em comunicado, a Polícia Federal explica que “a operação detetou, em quase dois anos de investigação, que as Superintendências Regionais do Ministério da Pesca e Agricultura do Estado do Paraná, Minas Gerais e Goiás atuavam diretamente para proteger grupos empresariais, em detrimento do interesse público”.

A investigação descobriu que agentes públicos, fazendo uso do poder fiscalizador do cargo, mediante o pagamento de luvas, facilitavam a produção de alimentos adulterados, emitindo certificados sanitários sem qualquer fiscalização efetiva. “Tal conduta permitia a continuidade delitiva de (…) empresas do ramo alimentar que operavam em total desrespeito à legislação vigente”, destacou o comunicado.

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Aproximadamente 1.100 polícias federais estão a cumprir 309 mandados judiciais, sendo 27 de prisão preventiva (sem tempo para a libertação do acusado), 11 de prisão temporária, 77 de condução coercitiva (quando o acusado é detido e obrigado a depor para depois ser libertado) e 194 de busca e apreensão, em residências e locais de trabalho dos investigados e em empresas supostamente ligadas ao grupo criminoso.

Segundo a própria Polícia Federal, esta é a maior operação já realizada pela corporação em toda sua história. As ordens judiciais foram expedidas pela 14ª Vara da Justiça Federal de Curitiba/PR e estão a ser cumpridas em sete estados: São Paulo, Distrito Federal, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás.

O jornal Folha de S.Paulo escreve que, entre os detidos, estão executivos da BRF como Roney Nogueira dos Santos, gerente de relações institucionais e governamentais, e André Baldissera, diretor da BRF para o Centro-Oeste. Também estão na lista funcionários da Seara e do Peccin – que tinha irregularidades gravíssimas, como uso de carnes podres – e fiscais do Ministério da Agricultura.

Segundo a mesma publicação, o ministro da Justiça do Brasil, Osmar Serraglio, é citado nas investigações e teria sido apanhado numa escuta a falar com um suposto envolvido no esquema ilegal descoberto esta sexta-feira. No entanto, a PF disse que não encontrou indícios suficientes de ilegalidade na conduta do ministro, que não está a ser investigado.

Ainda não há reação do Governo brasileiro sobre a suposta citação do ministro nas investigações da polícia federal, que está submetida ao gabinete do Ministério da Justiça.